
É uma coincidência curiosa: o programa-sensação do ano passado regressa à antena da TVI na mesma altura em que Cristina Ferreira consuma a transferência para a SIC. E digo que se trata de uma coincidência curiosa porque o chef Stanisic chegou a brincar com o ordenado da apresentadora da Malveira, que agora deixa de ser sua colega e directora. Stanisic admitiu fazer uma segunda série de Pesadelo na Cozinha se lhe pagassem o mesmo ordenado que pagavam a Cristina Ferreira.
A exigência, meio a sério, meio a brincar, encontrava sustentação no fenómeno de audiências que se criou em redor do programa do chef, um fenómeno tão poderoso que contribuiu para uma certa recuperação do glamour e da capacidade de atracção de novos públicos por parte da televisão generalista.
Descontadas as distâncias e relevado o tempo que passou, "Pesadelo" tem um efeito semelhante ao do primeiro Big Brother entre nós, nos idos do ano 2000: o programa volta a juntar famílias à frente do écran, aos domingos à noite, famílias essas que habitualmente se dividem por diversos aparelhos e visionamentos no serão de fim-de-semana. Pois bem: agora Stanisic estreia a segunda série, presume-se que depois de obter o tal ordenado equivalente ao de Cristina, enquanto esta saltou para a concorrência, numa transferência cujos milhões têm sido, também eles, muito badalados.
A TVI encontra neste pesadelo a receita ideal anti-depressão: se repetir o sucesso da primeira série, Stanisic vai arrasar as audiências do fim-de-semana, e provar que nem tudo está perdido para a estação de Queluz de Baixo.
RTP 1 ao nível do caboAcabou mal Agosto e começou pior Setembro para a RTP-1: domingo, 8,5% de share! José Fragoso encontrou uma estação totalmente armadilhada, cheia de fancaria para emitir, como é o caso das séries portuguesas – em estreia já eram muito más, agora imagine o leitor em repetições. Vida dura, a de Fragoso.
SIC, a queda antes da glória?Numa prova de que o mercado de televisão é, sobretudo, um estado de espírito, a lufada de optimismo em redor da SIC, com a contratação de Cristina Ferreira, acontece na pior fase de sempre da estação: dois meses seguidos com 15,3% de share mensal. Para subir é preciso cair num abismo primeiro?
Cristina já está na SICDesenganem-se os que colocam o dinheiro à frente do talento. A TVI até pode dificultar a saída de Cristina, mas, na realidade, Cristina já está na SIC. Não há mau perder por parte da TVI que consiga evitá-lo. Sempre que se fala do tema, a SIC começa a rentabilizar o investimento. E depois há uma dimensão de empresária de media em Cristina Ferreira que lhe permite começar a promover de imediato as estrelas de Carnaxide, como é o caso desta entrevista que humanizou Cláudio Ramos e que mostrou ser ela a verdadeira directora de marketing da SIC.
Maldição da Champions?Da vez anterior em que a TVI teve os direitos da Champions, acabaram os "Morangos" e a ficção reduziu-se, porque o dinheiro não dava para tudo. O director da altura, José Fragoso, acabou derrotado e a sair pela injusta porta pequena. Agora, a Champions volta à TVI na fase mais difícil da década para a estação, e o mês de Agosto traz o canal para mínimos históricos desde que lidera. Há uma maldição da Champions?