
Se há certeza que resulta do Verão é que a relevância do Sporting está verdadeiramente enraizada na sociedade portuguesa. Provam-no as enormes audiências televisivas das emissões que acompanharam os sucessivos episódios de derrocada da gestão lunática de Bruno de Carvalho, e a consequente salvação do clube às mãos da maioria silenciosa que o derrubou. Aqui chegados, as eleições para o próximo líder sportinguista serão, de alguma forma, as primeiras organizadas em plena era de explosão das coberturas noticiosas nos canais de informação.
Até agora, o FC Porto nunca teve, sequer, uma verdadeira disputa eleitoral já com televisões privadas no País. Já o Benfica erradicou o cancro Vale e Azevedo antes mesmo da mera existência de canais de cabo. Enquanto isto, no Sporting, lembro-me bem, Bruno de Carvalho foi eleito poucos dias depois do arranque da CMTV, numa fase em que a revolução na informação televisiva mal tinha começado, estagnada que estava nas escolhas passivas do canal, a SIC Notícias, que dominava o mercado a seu bel-prazer.
Agora, tudo será diferente, e o dano reputacional causado aos candidatos que faltaram ao primeiro debate eleitoral (na CMTV, precisamente) aí está para o provar. Dos 7 candidatos, faltaram 3. Estou certo que Frederico Varandas, apontado como um dos favoritos, estará arrependido de ter faltado, porque abriu terreno à credibilização de um enorme adversário, José Maria Ricciardi.
A paixão com que o País acompanha uma batalha clubística pode chocar alguns. Mas desenganem-se: essa paixão vai crescer ainda mais até ao dia das eleições.
Audiências de agostoCom o ciclismo, a RTP1 recupera. Agosto tem ligeira subida. A SIC continua em queda. Pode agravar este mês mínimos históricos obtidos em Julho. Curiosa é a quebra da TVI: líder, mas com queda de cerca de 1 ponto percentual. Encolhe mais depressa do que se pensava o auditório das generalistas em sinal aberto.
José FigueirasDentro do espírito de proactividade máxima que caracteriza a nova direcção da SIC, há boas e más decisões (como é natural), há muita precipitação (como também é normal numa equipa jovem), e há verdadeiros acontecimentos: o regresso de José Figueiras, mesmo com um modelo repescado da Internacional, é uma excelente notícia para a televisão em Portugal.
O clássico dos clássicosFaz todo o sentido que a RTP1 transmita em directo a Volta a Portugal em bicicleta. Este ano, mais uma vez, tratou-se de um trabalho competente, e que concretiza o conceito de serviço público no sentido mais nobre: a ligação ao País. Além disso, apesar do desgaste simbólico sofrido pela modalidade por causa do doping, o ciclismo é um desporto de massas. Basta ver como o povo se continua a juntar na berma da estrada. Aqui fica o elogio: longos anos para a Volta, no canal 1 da RTP.
Em defesa de José Manuel MestreA pergunta do jornalista José Manuel Mestre, da SIC, sobre se havia, ou não, uma "desmesurada preocupação com as vidas humanas" no fogo de Monchique, voltou a libertar as garras putrefactas das hienas nas redes sociais. Conheço bem José Manuel Mestre, um jornalista experiente e de grande qualidade. Um momento infeliz, num directo, não põe em causa a formação ética e humana exemplares deste profissional.