
A SIC fecha abril a dominar o mercado. Vai alcançar o melhor registo do ano, com 20% de share. Já a TVI volta a descer, para níveis equivalentes aos de janeiro. O fosso entre os dois canais está a aumentar. Nem o concurso de domingo à noite, nem as tardes de Goucha, nem as manhãs de Cláudio logram puxar a TVI para cima. A distribuição nacional do público mostra que a SIC lidera em todas as regiões, até na grande Lisboa, onde chegou a perder em tempos recentes para a TVI. A grande Lisboa é a região do País onde o equilíbrio é maior.
Há pouco mais de um ponto percentual a separar os maiores generalistas. Já a RTP1 fechará abril com 11% de share. Mantém níveis muito baixos de audiência. A crise da TV do Estado é transversal. Em abril, a RTP2 terá mero 1%. Mesmo assim, o Canal 1 tem no sul o melhor desempenho, ultrapassa a TVI e atinge um inédito segundo lugar, a pouco mais de dois pontos da SIC.
Se na segmentação por regiões o domínio da SIC é total, os programas preferidos em cada canal traçam um interessante perfil dos projetos. No canal 1, a liderança é invariavelmente do Telejornal e do Preço Certo. Sem surpresa. Na SIC, Araújo Pereira, novela e o chef Ljubomir são os formatos líderes. Curioso é o afastamento da informação dos tops da SIC. Já na TVI, os programas de maior sucesso são a novela Bem Me Quer e o concurso de Cristina Ferreira, All Together Now. A novela Bem Me Quer, aliás, é uma autêntica lança em África, porque é o único formato que aparece no top-15 semanal e que não é da SIC. Quando se fala em crise da ficção da TVI, é bom ter algum cuidado.
INFORMAÇÃO - 25 DE ABRIL
Canções de intervenção, na SIC, sábado passado. Um trabalho da jornalista Catarina Neves, baseado nos testemunhos e nos improvisos de músicos e artistas que permanecem no imaginário de todos os que têm mais de 45 anos – Paulo de Carvalho, Fernando Tordo, Francisco Fanhais, Carlos Mendes, Barata Moura, José Jorge Letria, entre muitos outros. Não podia ser mais indicada, a data de 24 de abril, para uma reportagem deste género. Bem concebida, bem editada, a tornear muito bem a dificuldade autoimposta de não fazer texto e usar as declarações dos entrevistados para fazer avançar a narrativa. Nota máxima para o serviço público prestado pelo Jornal da Noite, visto que a memória da metade dos portugueses que nasceram depois da revolução já não reconhece muitos destes nomes.
ENTRETENIMENTO - GENTE FELIZ COM MÁSCARA
Nalgumas transmissões de desporto, nomeadamente de ténis, já tínhamos visto bancadas com público em vários pontos do globo. Agora, na final da Taça da Liga inglesa, Manchester City - Tottenham, o estádio de Wembley, em Londres, voltou receber adeptos. Para já são apenas 10%, 8 mil pessoas, mas deu para termos um lampejo de como era o futebol no passado, e de como voltará a ser no futuro. O realizador da transmissão precisou de tempo para se soltar, porque no início até mostrou alguma vergonha de exibir os espetadores que vibravam ao vivo. Quando ultrapassou o trauma, pudemos ver sobretudo gente feliz com máscara. E deu gosto ver. Se a Covid nos trouxe um mundo novo, o fim da Covid trará outro, ainda mais diferenciado, e que para já não conseguimos adivinhar.
SOBE - ALEKSANDER CEFERIN
Vai o presidente da UEFA corporizar esta espécie de triunfo do povo sobre a ideia de transformar o futebol num espetáculo americano só para ricos, com uma liga fechada ao mérito. Chegou a ser comovente ver como os fãs do jogo saíram à rua, em Inglaterra, em defesa do que inventaram há séculos. Ninguém tinha maior autoridade para o fazer.
DESCE - CARLA MOITA
No dia em que há buscas da Polícia Judiciária na Câmara de Lisboa, quem desdenharia ter o presidente da autarquia, Fernando Medina, em estúdio? Parece um autêntico jackpot? Parece, mas não é. A pivô da TVI esclarece, antes mesmo de começar o comentário semanal, que "escolhemos deixar" esse tema de fora. Importa-se de repetir? Ninguém percebeu a tempo que isso simplesmente não podia acontecer?
DESCE - ANTÓNIO JOSÉ TEIXEIRA
A irrelevância progressiva da RTP contamina também a informação. Domingo, o Telejornal do canal 1 registou uns inimagináveis 8,5% de share. Pessoalmente não tenho memória de outro registo assim. Fazer do noticiário da televisão do Estado um desfile permanente de ministros acabaria por dar nisto. E só pode piorar.