
A forma como a derrota nos impacta define o que somos.
A forma como a falha nos impacta define o que somos.
Aquilo que fazemos com o que nos acontece define o que somos.
Raramente é aquilo que nos acontece que nos define. Isso é incontrolável, quase sempre. Mas na nossa mão está o que dominamos: decidir entre baixar os braços ou arregaçar as mangas, decidir entre chorar o que foi ou construir o que vai ser.
Escolher.
A escolha é sempre um acto invisível: a escolha não se vê senão nas suas consequências. Por vezes as consequências tardam, a derrota estende-se por fora e por dentro, e há aqueles que desistem de a procurar — sem saberem que ela, sorrateira, estava mesmo ali, à porta, à espera de continuidade, de resistência, de capacidade de subsistir. De resiliência, de adaptabilidade, de jogo de cintura.
Vencer é resistir: é subsistir.
No limite: vencer é sobreviver a todas as derrotas que vêm acopladas a cada momento de sucesso.
Ninguém ganha sempre mas é possível nunca perder.
Basta chorar quando chorar tem de ser, no instante em que pancada acontece, no segundo e nos minutos em que percebemos que colocámos tudo no que fizemos e mesmo assim perdemos; basta construir sobre as lágrimas, sustentar cada novo passo na capacidade de entender o que fez com que cada passo anterior tenha sido em falso; mas basta, mais do que tudo isso, continuar a sonhar. Continuar a sonhar por mais que doa, e dói tanto, um sonho distante que parecia próximo; continuar a sonhar apesar das lágrimas, apesar da pancada (e é tanta a pancada que se leva quando se cria, quando se tenta, quando se arrisca, quando se faz o que não sabe se alguém entenderá ou quererá sequer entender). Continuar a sonhar apesar dos anti-sonhadores, dos anti-diferença, dos anti-qualquer coisa.
Por cada sonho que alguém quer voar há sempre um ou dois estúpidos que o querem fazer pousar.
Regressando ao princípio: o que fazemos com o que corre mal, ou muito mal, ou pessimamente, mesmo quando fizemos tudo o que devíamos fazer para que corresse bem, ou optimamente, ou maravilhosamente, é o que define grande parte daquilo que somos — e grande parte daquilo que conquistamos.
O vencedor não é, nunca é, o que ganha mais vezes; o vencedor é o que ganha da melhor maneira.
Agora olha: já pensaste desta maneira?
Rótulo: s.m. O mesmo que preconceito — que é como quem diz o mesmo que burrice. Ninguém é mais burro do que um preconceituoso.