
No meu tempo, os reality shows eram, como o nome diz, sobre a vida real. Hoje, são sobre histórias de príncipes e princesas, tal como os contos de fadas que escutávamos e líamos quando éramos crianças. Nada contra as fábulas. Só não gosto que transformem os espaços de vida real em espaços de fantasia. Sei que muita gente sonha com o que não tem em casa. Sei que a caixinha mágica que é a televisão serve também para que as pessoas se iludam sobre aquilo que pensam nunca vão ter na própria vida. Mas para isso têm os romances, as fotonovelas, as radionovelas, e as telenovelas que tantas vezes retratam os amores que muitos nunca vão ter. Mas um reality show não é sobre fantasia, é sobre a vida real. reality show, como o 'Big Brother', é sobre a personalidade de cada um que ali entra e que durante um tempo nos oferece a possibilidade de o conhecer um pouco mais. Para observar relações amorosas temos um programa melhor na SIC. A teimosia da TVI em forçar o namoro entre a Bruna e o Bernardo é uma traição aos telespetadores do 'Big Brother Famosos.' Nada contra o namoro dos dois. Têm um ar simpático, são giros e bem-dispostos. Certamente seriam um casal muito feliz. Mas o namoro entre os dois não é o propósito do programa nem surgiu espontaneamente. Naturalmente estão num concurso e cada um tem a obrigação de fazer tudo para vencer. Mas fico triste quando o Bernardo, quando perguntado se tem medo de perder a Bruna cá fora, é levado a dizer coisas como: "Tanta gente se separa e perde gente na vida, o que importa é manter o respeito e o brilho no olhar mesmo quando as pessoas se deixam de amar." Isto é para mim o contrário da paixão. É conformar-se com o fim mesmo antes do começo. Do pouco que durante o programa pude conhecer de Bernardo, não fiquei nada com a ideia de que ele seja um desistente. Pena que a produção os leve para estes amores forçados da Idade Média.