
Esta semana ainda volto mais uma vez ao alegado namoro da Bruna e do Bernardo. Ou melhor, repito o tema da devoção dos muitos que necessitam acreditar que ali está uma história de amor. Naturalmente, depois do texto publicado na semana passada, mais uma vez foram muitas as mensagens com gente bastante irritada. Não me refiro às mensagens em que alguém expressava a sua opinião, mas sim a mensagens que expressavam um verdadeiro desespero, com a possibilidade de alguém dizer que talvez, eventualmente, a relação da Bruna e do Bernardo não fosse um amor eterno, como aqueles que ouvíamos na infância. Ou seja, os amores eternos da nossa fantasia, porque depois de fecharem a porta do castelo nada mais sabíamos sobre aquele tal amor eterno. Tanto quanto o meu tempo me permitiu, li cada mensagem com atenção. Gosto de analisar a mente humana. E no meio de tantas mensagens, uma enviada de alguém que dizia estar no Brasil mostrava identificar-se com o meu texto. Dava-me conta de verdadeiros desesperos em situações semelhantes que também por lá acontecem. Fãs que muitas vezes deixavam de viver as próprias vidas e mesmo se endividam para viver essa fantasia. As outras mensagens, claro, insultavam-me. Há cerca de 10 anos alertei para os perigos das muitas horas seguidas que as nossas crianças e jovens passavam envolvidos em jogos eletrónicos. Também fui muito insultado. Mas hoje, é reconhecimento comum que o excesso de tempo nessa atividade é prejudicial. A nível internacional, alguns países definiram mesmo regras que pretendem ajudar os pais a gerir o tempo e o envolvimento dos filhos com os ecrãs. Pelo mundo inteiro, e também em Portugal, temos clínicas que ajudam jovens e adultos a ultrapassar esse vício. E a Organização Mundial da Saúde incluiu o distúrbio dos jogos eletrónicos (gaming disorder) à secção de transtornos que podem causar vício. Naturalmente é irresistível para mim pensar se daqui a uns anos se falará sobre a fantasia do amor
Tanto quanto o meu tempo me permitiu, li cada mensagem com atenção. Gosto de analisar a mente humana. E no meio de tantas mensagens, uma enviada de alguém que dizia estar no Brasil mostrava identificar-se com o meu texto. Dava-me conta de verdadeiros desesperos em situações semelhantes que também por lá acontecem. Fãs que muitas vezes deixavam de viver as próprias vidas e mesmo se endividam para viver essa fantasia. As outras mensagens, claro, insultavam-me.