
Na semana passada, no tédio de programas em canais abertos que repetem fórmulas, acreditando que o que fazia sentido nos anos 90 continua atual 30 anos depois, parei num especial da RTP que me fez acreditar que, se tivermos paciência, procurarmos bem e mantivermos a esperança de que o ser humano ainda não "estupidificou" de todo, é possível fazer bom entretenimento, com carimbo de serviço o público.
‘Em Casa d’Amália’, o programa que leva fadistas a uma das salas emblemáticas da grande diva do fado, tem um histórico de anos. Pode não ter as audiências que mereceria, mas faz o esforço de trazer, em jeito de desgarrada e de tertúlia, o mais típico género musical português, para uma noite bem passada de televisão.
Só isso já é fazer serviço público. Ou seja, é sinónimo da RTP cumprir a função a que se propões. Acontece que, neste verão, o universo de ‘Amália’ saiu da ‘Casa’ e fez-se à estrada, levando o fado a palcos abertos, a outras vilas e cidades país fora. No centro de Estremoz, na passada sexta-feira , o anfitrião José Gonçalez levou convidados de renome, chamou fadistas "locais" ao palco e embalou uma plateia encantada por "mudar o disco" - do popularucho pimba para o histórico fado.
Eu fiquei a ver e desejei estar lá. Acredito não ter sido a única. Aqui, a RTP tem (bom) caminho a percorrer