
1. O melhor é irmos comprar pipocas, porque a TV portuguesa, onde proliferam cada vez mais a mentira, a hipocrisia, o cinismo, a vaidade, a inveja e o ciúme, está mesmo a ficar engraçada, principalmente depois de Cristina Ferreira ter batido com a porta da SIC, ao final de um ano e meio, para regressar à TVI. Se a RTP, onde o dinheiro nunca é problema, apresenta um vasto leque de ofertas para os próximos meses – do entretenimento à informação, passando pela ficção –, é nas estações privadas, porém, que vão estar os olhos dos portugueses.
A SIC é (ainda) líder confortável de audiências, mas algumas recentes vitórias da TVI, em vários formatos e em vários horários, mostram que a guerra não está ganha. Mesmo na frente, a estação de Paço de Arcos dá sinais de inúmeras fragilidades, que podem abalar o sucesso alcançado desde o dia 7 de janeiro de 2019. Ora, vejamos alguns exemplos flagrantes: a dupla Diana Chaves/João Baião vê o (quase) defunto ‘Você na TV!’, de Manuel Luís Goucha, bater-lhe já o pé nas manhãs; o famoso documentário de Ângelo Rodrigues e ‘O Noivo É Que Sabe’ foram arrasados pela estreia do ‘Big Brother’, agora com Teresa Guilherme, que prendeu 1 milhão e meio de espectadores ao ecrã; também nesse dia, ‘Domingão’ perdeu para o ‘Somos Portugal’, que pôs as estrelas da estação nas principais cidades do País, numa operação de risco e de ambição elevados; na informação, inacreditavelmente, dá-se uma notícia sobre a ‘Festa do Avante!’ baseada numa capa falsa de um jornal americano; e na ficção os números estão mais próximos.
É verdade que já estamos em setembro e que a SIC continua a ganhar – alguém disse o contrário? É verdade que a estação vai manter a liderança por muitos mais meses. Mas também é verdade que só agora a maratona começou. O alerta está aí.
2. A política é muito isto: o primeiro-ministro, António Costa, foi um dos primeiros a felicitar a atriz e encenadora Ana Rocha de Sousa pelos dois prémios conquistados no Festival de Cinema de Veneza. Fica sempre bem. O pior é o resto: o Governo continuar a não apresentar soluções de desenvolvimento e de apoio dignas para a nossa cultura, cada vez mais débil com a pandemia.