
1. "Hoje, eles [diretores das televisões] querem é gente nas novelas e nos programas de entretenimento com milhares de seguidores nas redes sociais. Quanto mais tiverem, melhor. O talento já conta pouco", lamenta-se-me uma fonte da TVI, não acreditando que esta realidade, em 2022, seja um fator preponderante para o sucesso de alguma coisa. Concordo.
O exemplo mais flagrante dá pelo nome de Fernando Mendes. A estrela de ‘O Preço Certo’ tem "só" 100 mil fãs na sua conta de Instagram e é líder de audiências, arrasando todos os dias, no seu horário (19:00/20:00), os adversários mais diretos, nomeadamente ‘Rua das Flores’, grande aposta de Cristina Ferreira, a campeã desta rede social, com 1 milhão e meio de seguidores. É verdade que não há volta a dar. Hoje, o Instagram é uma arma poderosa na promoção dos atores e dos apresentadores, dos seus trabalhos e projetos nas televisões – Daniel Oliveira, imagine-se, assumiu ter escolhido Carolina Loureiro para protagonista de ‘Nazaré’ devido aos milhares de seguidores –, para ganhar dinheiro, mas este fenómeno está longe de corresponder à dimensão que vários diretores pensam que tem para, apenas e por si só, vencer.
Olho para os últimos números de ‘O Preço Certo’, concurso simples no ar há duas décadas na estação pública, e de ‘Rua das Flores’, vendida pela diretora da TVI como uma novela fantástica, e eles são avassaladores, mesmo com a chegada do verão: mais de 300 mil espectadores de diferença entre os dois. Pergunto: de que vale ser "a" influencer em Portugal, com uma dedicação única às redes sociais, se depois, em Queluz de Baixo, perde? ‘Festa é Festa’ é pouco para um reinado.
Fernando Mendes, um leigo nestas modernices, vai seguindo o seu caminho – e que caminho! – na televisão. Curiosamente, nos últimos dois anos, "O Gordo" limpou sempre "A Saloia da Malveira", fosse em ‘Dia de Cristina’, em ‘Cristina ComVida’ ou em ‘Rua das Flores’. "Essa questão dos seguidores é uma treta... A maioria não vê televisão", defende ainda o tal rosto da TVI.
2. Uma tragédia em Melilla, com mais de 40 mortos e centenas de feridos entre migrantes, que tentavam chegar a Espanha, passou ao lado das nossas televisões. "Não é a Ucrânia", explicam-me... com ironia.