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Paulo Abreu
Paulo Abreu O Tal Canal

Notícia

Luz com Braz

Um, na SIC, trata os jogadores por tu e comete gaffes ridículas. O outro, na TVI, ofende os portugueses… para defender o indefensável. Até quando?
17 de março de 2018 às 08:00
paulo abreu, o tal canal, crónica, televisão, Nuno Luz, Rui Braz, Sic, TVI
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1. A SIC vai pagar quase 4,8 milhões de euros para garantir a manutenção dos direitos de transmissão da Liga Europa até 2021. Quem ouvir os seus comentadores antes, durante e depois dos jogos, quase sempre a desvalorizarem e a maltratarem a segunda competição da UEFA entre clubes, até custa a acreditar que a estação venha agora gastar uma grande fatia do seu orçamento, quando o dinheiro não abunda, para ter este conteúdo (valioso) em Portugal, em sinal aberto.

Sim, o balanço entre esta parceria SIC/UEFA deixa muito a desejar, e custa ver Nuno Luz, um dos mais experientes na área de Desporto, a entrevistar Fábio Coentrão, após o Sporting-Plzen, e cometer duas gaffes, daquelas inadmissíveis, num espaço de segundos. "Já estiveste numa final da Liga Europa…", disse o jornalista. "Eu? Não, estive numa meia-final", emendou o defesa dos leões. "Com a Juventus, não foi?", perguntou o repórter, na sua ignorância. "Não, com o Braga", esclareceu o jogador. Nuno Luz, que trata todos por tu, continua a ser um profissional sofrível.

2. Mas a vergonha continua na televisão portuguesa, onde, pelos vistos, se podem dizer as maiores barbaridades possíveis. Rui Pedro Braz, que a TVI foi buscar num passado recente à Benfica TV, disse no estúdio, em directo, que "a sociedade, de um modo geral, movimenta-se através de favores". "Hoje em dia, é raro o estudante que sai da universidade e começa a trabalhar sem ter uma cunha. Hoje em dia, é raro o processo que, numa repartição de Finanças ou numa entidade bancária, é despachado em tempo útil sem que tenha de se pagar um almoço a alguém. Eu não consigo levar as coisas em tempo útil sem ter de pedir um favor a alguém, sem ter de mostrar gratidão por alguém."

O jornalista questionou-o se é mesmo assim, e a resposta foi rápida: "Não acho, tenho a certeza. Eu sei o país onde vivo." Eu também sei o país onde vivo e, felizmente, a realidade de que ele fala é bem diferente da que pensa conhecer. Não vale a pena, pois, por mais contratos que possam existir, fazer contorcionismos para defender o indefensável. Os espectadores percebem... E a TVI perde, é óbvio, por ter gente assim.

* Pai, acredito nos valores e princípios que me ensinou. Obrigado. É por isso que ando de cabeça levantada.

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