
1. A levar porrada há um ano na ficção nacional, a TVI dá sinais de querer apostar novamente a sério nesta área em 2020. E para isso há indicações da estrutura da estação para as novelas serem portuguesas. Isto é, dar portugalidade às histórias. Muito bem. Por exemplo, em vez de vermos mulheres no Médio Oriente com lenços na cabeça, passaremos a ver um homem com uma enxada na mão no Alentejo ou em Bragança.
Isto é, em vez de vermos personagens com nomes de Omar e Samira, passaremos a ver a Maria Eduarda e a Prazeres. Fácil, simples e barato, como, aliás, a TVI soube fazer tão bem durante mais de uma década. É assim tão difícil aproximarmo-nos dos espectadores com o que é nosso? Esta é a minha primeira pergunta em 2020. E vou fazer mais duas. A SIC prescindiu na última semana, a de Natal, de emitir 'O Programa da Cristina'. Manuel Luís Goucha e Maria Cerqueira Gomes, com o 'Você na TV!', ganharam as audiências – escrevi na última edição, curiosamente, que Goucha tem tudo para dar alegrias à TVI em 2020. E pergunto, então: quem decidiu assim? O diretor Daniel Oliveira, que achou que a SIC está tão forte, que qualquer coisa na grelha serve, neste caso de manhã? Ou Cristina Ferreira, que foi de férias e defendeu que Cláudio Ramos, desta vez, não tomava conta da casa?
2. Os últimos dias foram mesmo engraçados. Então não é que 'Mental Samurai', concurso de Pedro Teixeira aos sábados na TVI, venceu o reality 'Casados à Primeira Vista', da SIC?
Eu avisei há muito que esta aposta de Daniel Oliveira tinha chegado ao fim.
3. Francisco Moita Flores está de volta à televisão portuguesa, nomeadamente à RTP. Autor dos maiores sucessos da ficção nacional, baseados em factos reais, como 'Ballet Rose', 'Capitão Roby' ou 'O Processo dos Távoras', assina agora uma série sobre o único atentado contra o ditador António de Oliveira Salazar, em 1937. Com 10 episódios, um elenco protagonizado por António Pedro Cerdeira e Anabela Moreira, uma realização de Jorge Paixão da Costa, uma escrita rigorosa, inteligente e sedutora, há motivos para acreditar que José Fragoso fez bem em recuperar um homem que estava afastado inexplicavelmente do ecrã desde 'Bairro', em 2011.