
A TVI perdeu Cristina Ferreira, numa jogada de mestre de Francisco Pedro Balsemão. A TVI, que não lhe dava a justa relevância na estrutura, desvalorizou a sua saída, convencidíssima do alto da sua arrogância de que continuaria a ganhar. Não aconteceu, como sabemos. A apresentadora estreou-se na SIC em 7 de janeiro e, a partir daí, foi sempre a somar vitórias para a estação de Paço de Arcos. Líder de audiências durante mais de uma década, a TVI perdeu fevereiro, março, abril, maio, junho, julho e, mesmo não tendo eu uma bola de cristal nas mãos para prever o que resta de 2019, perderá agosto, setembro, outubro, novembro e dezembro – e, claro, perderá o ano.
Entretanto, os espanhóis da Prisa decidiram operar uma revolução na Media Capital, que detém a TVI. Mudou a administração, com Rosa Cullell a dar o seu lugar a Luís Cabral, e a direção de programas, afastando Bruno Santos e apostando em Felipa Garnel, que sobe a bordo deste ‘Titanic’… a meter água por todos os lados. A ex-diretora da Lux entrou oficialmente em Queluz de Baixo em 5 de agosto, e o balanço é péssimo: com uma média mensal de 12,9% (a pior do século), arrisca-se a perder o 2º lugar para a RTP1, que está com 12,7%. Parece anedótico, mas é verdade. Na sua estreia em Queluz de Baixo, está cada vez mais longe da SIC e pode cair para o 3º lugar, o que não acontece há mais de 20 anos.
De descalabro em descalabro, assim vai a TVI. No último sábado, registou o seu pior share diário do ano: apenas 10%. No domingo, chegou – imagine-se – a ter um pico abaixo da TVI24. A TVI perde em todos os horários para a SIC (com 17,6% em agosto) e perde em vários períodos para a RTP1. Felipa Garnel faz bem em querer contratar Fernando Mendes à estação pública, mas isso é muito pouco para quem quer voltar a ser líder. Falta-lhe estratégia. Até porque depois vemos a sua grelha e apanhamos com José Castelo Branco ou uma série policial de 2010 em horário nobre.
Quem tem José Alberto Carvalho, Judite Sousa, Manuel Luís Goucha, Fátima Lopes, Alexandra Lencastre, Diogo Infante e Fernanda Serrano, entre outras referências, não pode andar a fazer estes resultados. E Felipa Garnel, que prometeu (para melhor) uma nova TVI no Algarve, arrisca-se a ficar ligada ao pior momento da história da estação.