
"Paulo, não há espaço para mais uma televisão em Portugal. Nem espaço nem dinheiro", disse-me alguém da SIC, no início de Março de 2013, a poucos dias, portanto, do arranque da CMTV. Como ele, outros responsáveis, agora da RTP e da TVI, defendiam, com toda a convicção, a mesma tese: a de que o mercado, a viver uma grave crise, acabaria rapidamente por liquidar o sonho, esse maldito sonho, da Cofina. Lembrei-me disso tudo na sexta-feira, 17, quando vi Luís Santana, administrador, Octávio Ribeiro, director, e Carlos Rodrigues, director-adjunto, juntos, a apagarem as velas do bolo.
Em quatro anos, a CMTV, formada na sua maioria por profissionais muito jovens mas irreverentes, destemidos, ansiosos por darem notícias, tornou-se líder no cabo, ao contrário do que vaticinavam os tais profetas da desgraça, bem à frente da concorrência, com 2,5 de share. A SIC Notícias, uma referência no passado, parece estar parada no tempo, e os 2,0 são o melhor exemplo disso; a TVI24, hoje mais Sport TV do que um canal de informação, fica-se pelos 1,5; e a RTP3, aquela que tem um manancial humano, técnico e financeiro infinito, anda na rua da amargura, com uns miseráveis 0,8. Mesmo disponível só no MEO e na NOS, a estação da Cofina vai continuar a galgar terreno e a envergonhar aqueles que se julgavam – e julgam – os sabichões da televisão.
'Pesadelo na Cozinha', formato elogiado por mim na última edição, ganhou mais de 100 mil espectadores, de um domingo para o outro. Melhor era impossível. Sinceramente, não sei até onde poderá ir mais o chef Ljubomir Stanisic nas audiências, sei que a TVI tem aqui ouro nas suas mãos. Saiba ela guardá-lo religiosamente.
A uma semana da final, 'Agarra a Música', apresentado por Cláudia Vieira e João Paulo Rodrigues, na SIC, foi esmagado por 'Pesadelo na Cozinha', da TVI, e, ainda, por 'Got Talent', perdendo por mais de 300 mil espectadores para o velho concurso da RTP1. Segue-se em Carnaxide, a 2 de Abril, 'Dueto Perfeito', com João Manzarra, essa grande referência do entretenimento...