
Talvez seja o maior crítico de Bruno Santos, director-geral da TVI, muito por culpa das apostas sistemáticas em 'reality shows' ordinários, como 'Casa dos Segredos' e 'Love on Top', e em formatos velhinhos, como 'A Tua Cara não Me É Estranha' e 'Dança com as Estrelas'. Mas, agora, depois ter estreado 'Let’s Dance' e 'Pesadelo na Cozinha', tenho de lhe tirar o chapéu, por estar a arriscar finalmente na grelha.
No domingo, dia 12, fiquei rendido a Ljubomir Stanisic, um chef jugoslavo e não bósnio – diz, com orgulho, que vai morrer como nasceu: jugoslavo – radicado em Portugal há quase 20 anos, disposto a ajudar a salvar restaurantes à beira da bancarrota. Em 'Pesadelo na Cozinha', mais do que revelar segredos de receitas de sucesso, Ljubomir Stanisic mostra como isto anda tudo ao contrário em Portugal: vimos um empresário ausente, incapaz de compreender o negócio e os recursos humanos disponíveis, movendo-se apenas pelo "lucro" fácil; vimos um chef, com dez anos de experiência, desmotivado mas convencido de que era o maior, embora não soubesse temperar uma salada; vimos um gerente, antigo funcionário público, incapaz de liderar e de motivar o 'staff'; vimos uma empregada de mesa atrapalhada e pouco formada; e vimos, ainda, uns ajudantes de cozinha… que podiam estar a trabalhar numa oficina de automóveis, com todo o respeito pelos automóveis, tal era a ignorância culinária demonstrada.
Daqui, faço um apelo a Bruno Santos: mesmo não sendo esta uma ideia original – olá, Gordon Ramsey, em 'Hell’s Kitchen', da SIC Radical –, assegure já uma segunda temporada de 'Pesadelo na Cozinha', que é uma lufada de ar fresco na televisão. Portugal precisa de gente como Ljubomir Stanisic para pôr as coisas no lugar. Além das denúncias do chef jugoslavo quanto ao pior que existe nos nossos restaurantes, para mim, a mensagem do programa acaba por ser outra: a de que o País só vai para a frente com talento, competência, rigor, cultura de exigência, criatividade e liderança.