'
FLASH!
Verão 2025
Compre aqui em Epaper
Francisco Moita Flores
Francisco Moita Flores Piquete de Polícia

Notícia

O carro do ministro

O acidente mortal provocado há largos meses pela viatura que conduzia o ministro Eduardo Cabrita está transformado num pedaço do anedotário nacional. A fazer fé nas últimas notícias, em que se procura provar que o inditoso trabalhador do Escoural não estava a trabalhar aquando da sua morte é daquelas hipóteses que são tão ridículas como perniciosas.
07 de novembro de 2021 às 07:00
Eduardo Cabrita
Eduardo Cabrita

O acidente mortal provocado há largos meses pela viatura que conduzia o ministro Eduardo Cabrita está transformado num pedaço do anedotário nacional. A fazer fé nas últimas notícias, em que se procura provar que o inditoso trabalhador do Escoural não estava a trabalhar aquando da sua morte é daquelas hipóteses que são tão ridículas como perniciosas. Teria atravessado a autoestrada para aliviar a tripa. Logo, não estava a trabalhar.

Se for este o encaminhamento do processo, só tem um significado: quem investiga procura por todos os meios ilibar o veículo que provocou a morte do homem, baseando-se na proibição que existe para peões atravessarem vias desta natureza. Tudo isto é ridículo.

Em primeiro lugar, porque não era o ministro Eduardo Cabrita que conduzia a viatura. Mesmo que tivesse pedido ao motorista para seguir em marcha acelerada, não foi uma ordem ilegal. Em segundo lugar, porque o dever de cuidado, sobretudo em alta velocidade, é de quem conduz e não de quem é conduzido, incluindo a sinalização da marcha com sirene e pirilampos.

De onde se conclui que Eduardo Cabrita não precisa de defesa. Dito isto, muita gente fica perplexa com a necessidade de segredo de justiça neste caso quando se sabe que este instrumento jurídico é exceção e não regra na tramitação processual. E bem se sabe, quando é mesmo necessário, como rapidamente se torna prostituto, fazendo manchetes, os assuntos que supostamente se queriam guardar.

O que devia estar a ser discutido era a natureza do acidente. Se foi uma causa inesperada e súbita que motivou a morte do trabalhador, se houve negligência grosseira da parte do condutor que admita a possibilidade de estarmos perante um homicídio por negligência. Quando o poder judicial quer ser mais papista do que o Papa, vulgarmente não produz justiça, apenas cumplicidade e encobrimento. Esperemos que não seja esse o caso.

Leia também
Leia também
Leia também
Leia também

você vai gostar de...

Mais notícias de Piquete de Polícia

Agressão com amor

Agressão com amor

Juraram e viveram promessas de amor, fizeram de filhos, construíram vidas e, mais cedo ou mais tarde, começa a agressão.
O inferno

O inferno

Os governos, os sucessivos governos, seja qual for a cor da sua bandeira, passam pelos fogos como cão por vinha vindimada.
Afogamentos

Afogamentos

A esmagadora maioria dos óbitos, ocorridos no mar e em rios, acontece em locais sem controlo de vigilância e sem ajuda.
Absolvição

Absolvição

A tese que defendia que ele [Fernando Valente] assassinara Mónica Silva morreu na sala de julgamento.
A Operação Marquês

A Operação Marquês

Tenho ficado perturbado com os comícios que Sócrates gerou à porta do tribunal.
O ataque nuclear

O ataque nuclear

A ameaça nuclear tem como finalidade, mais do que o eventual uso da bomba, o medo.

Subscrever Subscreva a newsletter e receba diariamente todas as noticias de forma confortável