
Não é novidade. Por todo o Mundo, são as grandes metrópoles os palcos centrais da atividade criminosa. No caso português, cerca de 50 por cento dos crimes pertencem à Área Metropolitana de Lisboa e próximo de 26 por cento estão relacionados com a metrópole do Porto.
Isto é: três em cada quatro crimes pertencem às duas grandes metrópoles, sobrando pouco mais de 24 por cento para o resto do País, incluindo as ilhas.
Quer isto dizer que o conjunto de concelhos em torno das autarquias de Lisboa e Porto sofrem impactos criminais que os colocam no topo da insegurança.
Exposto o caso, alguém, porventura, escutou os candidatos a estes concelhos propor políticas de segurança e de prevenção que vão além dos limites do seu próprio concelho? Nem um!
Viver em Lisboa significa muitas vezes ter residência em Sintra, trabalhar na Amadora e ter filhos a estudar na capital.
É uma massa urbanística heterogénea habitada por milhões de pessoas de diferentes origens, de diferentes culturas, onde se processam mecanismos de socialização, de auto e de hetero-exclusão, ninhos de marginalidade, áreas de transgressão onde não é possível individualizar Loures de Odivelas, nem as duas de Oeiras e Cascais.
Neste imenso conglomerado demo-urbanístico que amplia a mesma realidade da Área Metropolitana do Porto, seria expectável discutir propostas que dizem respeito a todos os eleitores dessas duas regiões nevrálgicas do País. Que são preocupação partilhada no que respeita a transportes, mobilidade, iluminação pública, espaços verdes e de lazer para que na heterogeneidade se estabeleça alguma harmonia.
A criminalidade não se combate apenas com policiamento. Exige políticas comuns para enfrentar problemas que são de todos. Neste caos particular, foram mais umas eleições perdidas e foi uma pena. Não temos assim tantas oportunidades para discutir as nossas vidas para lá de vitórias e derrotas eleitorais.