
As conversas falam por nós. As conversas dos outros e os nossos silêncios. Silêncios cúmplices, diga-se. É uma verdade sociológica que as figuras com maior relevância numa determinada sociedade são objecto de apreço, de imitação, referências simbólicas de sucesso, nalguns casos vistos como heróis, sobretudos em jovens em construção que olham o mundo como uma construção que mistura o real e o imaginário. É um fenómeno de construção social que padroniza comportamentos, estimula projectos, por vezes, inspira modos de vida. Os heróis vêm da música, da política, do desporto, enfim, de um conjunto de actividades cuja presença é muito forte nos nossos quotidianos de forma directa ou indirecta. Daí, os mecanismos de afeiçoamento a práticas altruístas ou a comportamentos de desvio. Conforme o exemplo que o nosso conjunto de heróis nos dá.
Nestes últimos tempos, diria nos últimos cinco seis anos, agravou-se a mediocridade dessa exemplaridade cívica que captamos de alguns dos principais protagonistas. No território da política, cada campanha eleitoral representa mais um degrau na descida aos infernos no que respeita á agressão verbalizada, por vezes física, a discursos insultuosos onde os ataques pessoais, muitos deles injustos, se sobrepõem a um saudável confronto de ideias. No Parlamento, nos últimos meses, decido a episódios da política, é já banal assistirmos a deputados a insultar governantes e, até, o primeiro ministro a insultar opositores. Muitas vezes (vezes demais) ficamos com a sensação que estamos perante discussões de rufias e não de heróis. O mesmo se passa no futebol. As declarações de Pinto da Costa á entrada de um julgamento, a campanha eleitoral que agora se desenvolve no Sporting com ofensas de parte a parte, sem que se olhe para a honra e dignidade dos opositores tem sido levada a extremos. Não se pode acreditar que este conjunto de atitudes não é estimulante para aguçar a agressividade de quem vês nestes protagonistas os seus heróis. Nela encontram auto legitimação para a concretização de práticas violentas e, até, mesmo criminosas. Isto são sinais de uma decadência moral e cívica que, num país iletrado, despoleta actos de brutalidade e criminais que já não falam só de quem os pratica. Falam de nós todos, enquanto comunidade. Porque nos demitimos de os olhar de frente.
No Parlamento, nos últimos meses, decido a episódios da política, é já banal assistirmos a deputados a insultar governantes e, até, o primeiro ministro a insultar opositores. Muitas vezes (vezes demais) ficamos com a sensação que estamos perante discussões de rufias e não de heróis. O mesmo se passa no futebol. As declarações de Pinto da Costa á entrada de um julgamento, a campanha eleitoral que agora se desenvolve no Sporting com ofensas de parte a parte, sem que se olhe para a honra e dignidade dos opositores tem sido levada a extremos.