
Não sou capaz de tomar partido por qualquer das fações em disputa no Médio Oriente. Depois de ter ficado indignado com a ação terrorista do Hamas, em outubro passado, matando, violando e raptando jovens indefesos que participavam num festival em Israel, a brutal resposta de Israel foi consumindo o lastro de simpatia que nutria por este povo exposto a agressões inumanas que se registam há décadas.
Percebo que muitas das vítimas deste conflito se devem à mais obscena e cobarde das atitudes bélicas por parte daqueles que usam civis, mulheres e crianças, como escudos humanos. Resumindo: passado um ano da duração deste conflito, desisti de ver, ouvir e ler sobre esta matéria. A velhice dá-me esse estatuto que, reconheço, contém algum cinismo. Não está nas minhas mãos produzir a paz naquela região e estou convencido que nenhum dos contendores a deseja. O ódio comanda o conflito.
No entanto, por vezes, surgem factos que me interpelam. Cresci e amadureci sabendo que ao nível das informações, os serviços secretos israelitas são de uma eficácia que não se compara com mais nenhum país do mundo. A captura do nazi Adolf Eichmann na Argentina, a libertação dos passageiros de um avião sequestrado em Entebe, no Uganda, o assassinato de todo o comando palestiniano que matou atletas israelitas nos Jogos Olímpicos de Munique são pilares emblemáticos da atividade da Mossad, pelo Mundo.
As suas ações não se limitam à recolha de informação e aniquilação das maiores ameaças e inimigos de Israel. É uma organização tentacular, que apenas responde ao primeiro-ministro, cujo o número de efetivos assim como o orçamento são secretos.
Vem isto a propósito das últimas operações conhecidas. Particularmente a explosão simultânea de ‘pagers’ e ‘walkie-talkies’ na posse dos comandos da organização terrorista Hezbollah. É um ato de inteligência militar brilhante onde morreram dezenas de comandantes e militantes desta organização terrorista.
Exige conhecimentos tecnológicos, paciência, análise do terreno, sofisticação de informação que, talvez um dia, iremos conhecer. Uma verdadeira lição para os serviços secretos de todo o mundo.