
Multiplicam-se as vozes que profetizam uma guerra em larga escala na Europa, chamando a atenção para conflitos bélicos e tumultos internos nos vários países da União Europeia que, direta ou indiretamente contribuem para o alargamento do terrorismo e para o crescimento de forças políticas de extrema-direita que, a médio prazo, poderão tomar o poder e realojar o espaço europeu em lógicas belicistas e aniquiladoras dos direitos, liberdades e garantias tal como as concebemos.O perigo é real. O conflito na Ucrânia e na Palestina são dois rastilhos que tendem a modelar o mundo em alianças entre regimes autocráticos e os democráticos. A ameaça séria da eleição de Trump, o tartufo da extrema-direita, pode deixar a Europa mais indefesa aos perigos que a assolam.O crescimento dos movimentos radicais de inspiração neonazi ou neofascista é já impossível de esconder. Veja-se o caso alemão que ainda há poucos dias elegeu a direita de inspiração hitleriana para um dos seus estados. Assim desnudados, os governos europeus caminham com a cabeça enfiada na areia, reagindo com respostas simples a questões complexas.O que faz esta Europa insegura, exposta aos poderosos complexos político-militares? Faz manifestações e grita palavras de ordem. As últimas eleições francesas foram o exemplo maior desta balbúrdia que não resolve problemas e ainda nos deixa mais fragilizados.No Reino Unido, Keir Starmer obteve uma estrondosa vitória eleitoral sobre os conservadores com um programa de sobressalto económico e, três meses depois, dá o dito por não dito, e declara que vai aplicar uma política draconiana de redução de despesa atingindo, mais uma vez, a vidadas famílias inglesas.Por outro lado, Macron perante derrotas sucessivas, ignora os resultados eleitorais e nomeia como primeiro ministro que, seguramente, vai ter o apoio da extrema direita francesa. Em Espanha, a política oportunista de Pedro Sanchez faz adivinhar o fim deste socialismo de faca e alguidar.Falta coerência, falta honradez, falta compromisso dos dirigentes políticos atuais com os seus povos. E os culpados não são a Rússia, nem Israel. Somos nós próprios que permitimos este caminho para o abismo, submissos e crentes.