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Francisco Moita Flores
Francisco Moita Flores Piquete de Polícia

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O mar e as lágrimas

Este verão primaveril, durante o fim de semana da Páscoa, criou aflições em algumas praias do País. Morreram várias pessoas e outras foram salvas por socorro que acudiu a tempo de se evitarem mais tragédias.
18 de abril de 2023 às 16:32
Amigos na praia
Amigos na praia Foto: getty images

Este verão primaveril, durante o fim de semana da Páscoa, criou aflições em algumas praias do País. Morreram várias pessoas e outras foram salvas por socorro que acudiu a tempo de se evitarem mais tragédias.

Escrevo sobre este assunto porque, ainda antes de abrir oficialmente a época balnear, haverá pelo menos dois feriados que permitem miniférias e, por certo, a continuar este tempo que força ao esquecimento da invernia e brilha solarengo, muitos serão aqueles que vão à procura do mar e dos rios para desfrutar do prazer da água e do sol.

O mar é belo e traiçoeiro. Fascina e as vagas atraem-nos, por vezes, para precipícios de onde não se volta. É poderoso e magnífico. Por vezes, doce e cortês, outras, soberbo e cruel.

Ano após ano, sucedem-se desastres e mortes devido ao desrespeito e à desatenção com que com ele lidamos e uma relação amiga com ele, obriga ao respeito e à prudência. Não admite valentões que o desafiam, não aceita descuidos que os seus caprichos não entendem. Escreveu Fernando Pessoa que o seu "sal, são lágrimas de Portugal" e são dolorosas quando nos apanham de surpresa.

Escrevo para os pais que por aqui passarem. Não deixem as vossas crianças sozinhas junto à água. Ensinem-nos a medir distâncias entre os territórios da segurança e aqueles que trazem os punhais da morte. Mesmo no tempo em que as praias estão vigiadas, e é importante que se escolham estas, não esqueça que a maior vigilância fica sob a nossa responsabilidade. Brinca-se com a água, mas não se brinca com o mar. Oferece-nos prazer e está pronto a dar-nos sofrimento e lágrimas. As bandeirinhas que indicam se está maldisposto ou que se expõe às nossas afeições, não passam de indicadores. Não existe qualquer bandeira que nos garanta a segurança completa e é difícil libertarmo-nos da dor e da culpa quando o trágico se atravessa nas nossas vidas.

Que o mar seja companhia e não o lugar da afronta. Que seja o espaço do encontro com a alegria, sabendo que a ameaça anda sempre por perto.

Goze a praia com cautela. Diz o povo, e com razão, que cautela e caldos de galinha não fazem mal. Pela vossa saúde e felicidade.       

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