
1-A manipulação da verdade tornou-se na arma mais à mão para o debate político. Não espanta que tenha vindo a degradar-se ao longo dos anos, particularmente na última década, criando realidades paralelas que em nada abonam para a elevação e seriedade do processo político.
Não tem classificação, por ser abjeto, escutar o líder do PS carpir mágoas sobre o estado de desagregação a que chegou o INEM, sabendo, aqueles que ainda têm memória e algum asseio intelectual, que é problema herdado dos governos onde aquele dirigente socialista foi membro do governo.
É certo que o atual governo pouco ou nada fez para alterar o rumo dos acontecimentos que já eram graves, bem antes desta greve dos técnicos de emergência médica. Tal como é miserável querer fazer coincidir o número de mortes com o atraso do socorro. Não é possível retirar essa conclusão de forma tão simplista. Só com autópsias aos defuntos é possível de determinar essa relação, embora se possa aceitar que alguns deles pudessem ter sobrevivido.
O processo INEM é longo, é velho, e tem como cúmplices os anteriores e o atual Governo. Esta é a verdade nua e crua, como diz um programa de televisão, doa a quem doer.
2- Creio que foi num governo de Carmona Rodrigues, à frente da Câmara de Lisboa, que se iniciou a caça ao político-arguido. Carmona Rodrigues foi constituído arguido num processo qualquer e os partidos políticos decidiram deixar vagos os seus lugares de vereadores devido ao Presidente ter essa qualidade jurídica.
Foi de tal modo, que a Câmara de Lisboa se dissolveu, dando origem a novas eleições. Como é habitual, passaram-se anos até haver uma decisão e Carmona Rodrigues teve de carregar a cruz de ser arguido, como se fosse uma cruz a sério. Até ao dia em que as autoridades judiciais consideraram que o homem era inocente, sendo absolvido de todas as acusações.
Também, como é hábito, foi pouco noticiada a absoluta inocência do então Presidente da Câmara e, desde então, o poder político não sabe lidar com arguidos. O Chega aproveita-se desta ignorância e lança pólvora sobre os arguidos na Madeira e, desde logo, Paulo Cafofo e o PS, engolem o expediente, verdadeiros cruzados em defesa dos valores morais da Madeira. Resumindo: os nossos políticos não sabem o que é ser constituído arguido.