'
FLASH!
Verão 2025
Compre aqui em Epaper
Francisco Moita Flores
Francisco Moita Flores Piquete de Polícia

Notícia

Tanto Luto, Tanta Mágoa

Nunca se viu coisa assim. Tanto luto e tanta mágoa num só verão, como se mil demónios se tivessem apossado de parte do nosso país.
20 de agosto de 2017 às 00:00

Não bastava a tragédia de Pedrógão Grande, não bastava o inferno ter descido sobre o interior do País, devorando em chamas o que resta do pobre Portugal rural. Não bastavam tantos feridos, tanta gente espoliada do que tinha pelo fogo diabólico. Não bastava esta tristeza sem fim. Haveria de tombar uma árvore gigantesca, na Madeira, para matar mais doze pessoas e deixar dezenas de outras feridas. Nunca se viu coisa assim. Tanto luto e tanta mágoa num só verão, como se mil demónios se tivessem apossado de parte do nosso país.

E para que não é crente, que gosta de explicações mais racionais, no desastre da Madeira volta à baila a Protecção Civil. Era sabido que a árvore assassina estava agarrada a uma outra com cabos de aço. Isto é, as autoridades sabiam que estava ali uma ameaça. Em vez de a resolverem, decidiram remendá-la. Mau remendo que mostrou a morte em dia de festa. Que arrastou consigo vítimas e mais vítimas e deixou em choque o País.

Mas o que une todas estas tragédias? Haverá algum ponto comum? São apenas acaso, destino, falta de sorte? Há um elo que liga todo este luto e mágoa. Os instrumentos de segurança das pessoas, da responsabilidade do Estado, atingiram um tal patamar de fragilidade que desde s mais singelos gestos de prevenção, como é cortar uma árvore assassina, até ao ataque aos incêndios tudo falha. E não se pode invocar a falta de meios.

É sobretudo falha humana, de ausência de cuidado, de ausência de conhecimento técnico, de desleixo em muitos casos que deixa as comunidades à beira do caos. A partidarização excessiva da Protecção Civil, desde o nível municipal ao nacional, o comodismo que apenas é sacudido quando a ruína já ameaça, o próprio modelo em que assenta esta estrutura essencial à segurança das pessoas e bens não corresponde às necessidades, está esclerosado, contaminado pela incompetência e, em alguns casos, pela ignorância mais radical. Já são muitas as lágrimas, já é bem grande a mancha de sofrimento. Talvez tenha chegado a altura de repensar esta função do Estado. Se quem manda tiver coragem para tanto.

 

você vai gostar de...

Mais notícias de Piquete de Polícia

Agressão com amor

Agressão com amor

Juraram e viveram promessas de amor, fizeram de filhos, construíram vidas e, mais cedo ou mais tarde, começa a agressão.
O inferno

O inferno

Os governos, os sucessivos governos, seja qual for a cor da sua bandeira, passam pelos fogos como cão por vinha vindimada.
Afogamentos

Afogamentos

A esmagadora maioria dos óbitos, ocorridos no mar e em rios, acontece em locais sem controlo de vigilância e sem ajuda.
Absolvição

Absolvição

A tese que defendia que ele [Fernando Valente] assassinara Mónica Silva morreu na sala de julgamento.
A Operação Marquês

A Operação Marquês

Tenho ficado perturbado com os comícios que Sócrates gerou à porta do tribunal.
O ataque nuclear

O ataque nuclear

A ameaça nuclear tem como finalidade, mais do que o eventual uso da bomba, o medo.

Subscrever Subscreva a newsletter e receba diariamente todas as noticias de forma confortável