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Francisco Moita Flores
Francisco Moita Flores Piquete de Polícia

Notícia

Um vendaval

A esmagadora maioria dos comentários agarram-se ao escândalo para tomar partido. Contra e a favor. Indignados uns, outros revoltados. Todos instalados no lugar-comum de que "à Justiça o que é da Justiça, à Política o que é da Política".
19 de novembro de 2023 às 07:00
António Costa
António Costa

semana passada, o País entrou num grande vendaval. Tudo aquilo que era certo na segunda-feira, tornou-se numa explosão que atarantou os mais atentos aos acontecimentos políticos. De repente, a guerra no Médio Oriente quase desapareceu dos ecrãs, o Governo de maioria absoluta, que se esperava ser para quatro anos, caiu e, por decisão do Presidente da República, vamos para eleições em março.

Não vou discutir os processos que estão em curso. Não existe informação suficiente para fazer uma interpretação aproximada daquilo que aconteceu e ainda está a acontecer. Entre o choque das notícias vindas do Tribunal e o imediato arranque da campanha eleitoral, a esmagadora maioria dos comentários – e dos comentadores – agarram-se ao escândalo para tomar partido. Contra e a favor. Indignados uns, outros revoltados. Todos instalados no lugar-comum de que "à Justiça o que é da Justiça, à Política o que é da Política". Uma idiotice como outra qualquer, que apenas é uma almofada de amparo para iludir os desatentos. Não há debate. Apenas alarido. Não há razão prudente, apenas emoção a rodos.

Discutem-se crimes e molduras penais, suspeitas e desconfianças. Vão-se buscar palavras antigas para explicar as contradições da atualidade. Não se vê qualquer farol neste mar encapelado que nos leve a terra firme.

A palavra arguido há muito que deixou de ser uma condição de defesa e da presunção de inocência. Tornou-se num anátema, num dedo inquisitorial apontado ao coração de qualquer cidadão, a urgência de uma fogueira que queime bruxas e feiticeiros, profetas e políticos porque, nas ondas do terramoto, que estamos a viver, é urgente julgar e condenar alguém.

Não é isto que construiu a Democracia e, agora, temo-la em risco porque revela como tem pés de barro. Não há tempo. É necessário queimar todo o tempo para saciar a nossa sede inquisitorial. Nesta voracidade, esqueceu-se o fundamental. Haverá um dia em que um verdadeiro Tribunal democrático vai apreciar provas e condutas. Até lá, somos varridos pela doença da emoção. Bem triste, por sinal. 

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