
Assistimos nos últimos dias a vários ataques do Hamas sobre o território israelita, matando a eito, sequestrando militares e civis e espera-se uma reação forte do governo hebraico a esta brutalidade inqualificável.
Nas redes sociais multiplicam-se os adeptos dos palestinianos, muitos deles eufóricos com a momentânea vitória e, por outro lado, desdobram-se as mensagens indignadas e solidárias com o povo de Israel.
Esta é a guerra que ficou depois de terminar a Segunda Guerra Mundial. E dura até aos nossos dias e, possivelmente, por muitos mais anos. Não se passou um único dia em que a estabilidade, a paz, a solidariedade ativa de vizinhos não tenha sido posta em causa por qualquer dos beligerantes. Houve um tempo em que se criou a ilusão de que o inferno se apagasse. Os Acordos de Oslo foram a luz da esperança para o fim dos conflitos. Isaac Rabin, Shimon Peres, assim como Yasser Arafat, então líder da OLP, chegaram a esse compromisso e foram os três distinguidos com o Prémio Nobel da Paz.
Foi sol de pouca dura. Passado algum tempo, Rabin foi assassinado por um judeu de extrema-direita, enquanto Arafat viu o desvanecimento da OLP, sucedendo-lhe o Hamas na liderança do Estado Palestiniano e, com este partido, cresceu a conflitualidade entre as duas partes. São sucessivas sementeiras de sangue levadas a cabo por ambos os lados. Décadas e décadas de violência, de milhares de mortes gratuitas, em que cada um se proclama vítima do outro.
O conflito que agora se agrava, numa região atormentada por outras guerras, não augura nada de bom. Nem para o Médio Oriente, nem para o mundo em geral. Quando os homens se tornam em predadores, convocando a política, a fé, deísmos de todos os matizes para justificar a violência, percebemos que somos iguais aos humanos que viveram em tempos milenares. Não nascemos a saber odiar. O ódio cultiva-se. E quando é assim, falar de concórdia, na procura de soluções para saber viver com a diferença, é uma utopia que resiste aos mais cruéis acontecimentos. Como é o caso.