Pesadelo e abusos: ex de Diddy arrastada pelos cabelos e obrigada a sexo com estranhos durante dias a fio. Cassie Ventura relata inferno das orgias em tribunal

Há uma semana que o mundo vive em horror com os relatos em tribunal no âmbito do processo em que o rapper Sean “Diddy” Combs – anteriormente conhecido como Puff Daddy, produtor e vencedor de vários Grammy – é acusado agredir, drogar, violar, traficar, intimidar e subornar dezenas de pessoas ligadas ao meio da música durante anos a fio.

Um dos relatos mais duros e marcantes foi o da ex-namorada do rapper, Cassandra Ventura, com manteve uma relação durante mais de dez anos e que descreveu o verdadeiro horror dos abusos, tendo sido ouvida durante mais de 20 horas. Entre fotografias apresentadas de como ficou o seu rosto depois das agressões de que era frequentemente alvo e recordações difusas de alguns dos momentos, a cantora é uma mulher destruída pelo passado. Hoje com 38 anos, Cassie – como é tratada – recorda que tinha apenas 19 anos quando conheceu o músico e que pouco ou nada sabia sobre ele a não ser a sua veia artística. A relação, no entanto, rapidamente começou a revelar-se tóxica.

"Fazia a expressão errada e, quando dava por mim, estava a levar na cara“, contou, de voz embargada, recordando as diversas ocasiões em que foi agredida, uma das quais está filmada, por ter acontecido num corredor de hotel, com as câmaras de vigilância a captarem o momento em que Cassie foi arrastada pelo chão. Questionada sobre quantas vezes Combs a tinha atirado ao chão, Cassandra revelou-se incapaz de responder com precisão. "São demasiadas para contabilizar. Havia discussões violentas que normalmente resultavam em algum tipo de abuso físico. Arrastamento, coisas dessa natureza."

A dada altura, a vida de Cassandra e Combs passou a ser marcada pelas chamadas festas 'freak off', as famosas orgias na sua mansão, que a 'ex' do rapper descreveu em tribunal com precisão. Diz que havia drogas a todo o tipo de álcool a rodos e que todos passavam o tempo a consumir, sendo que estes eventos chegavam a durar quatro dias quase sem pausas. Nas orgias, assume, podia estar a fazer sexo com estranhos ou, na hora seguinte, a filmar outros a fazer o mesmo, sendo que o procedimento era repetido até à exaustão. As imagens de Cassie em cenas sexuais serviam, depois, como ameaças sempre que esta ameaçava deixá-lo ou contar tudo.

Uma das descrições mais chocantes prende-se com o momento em que Diddy terá ordenado a um prostituto que urinasse na boca de Cassandra que quase terá sufocado na ocasião. 

Hoje, prestes a ser mãe e apoiada pelo atual companheiro, foi com angústia e dor que Cassandra voltou aos anos de horror com Combs, no entanto, no final da audiência admitiu também que pôr tudo aquilo cá para fora foi libertador. "Esta semana foi extremamente desafiadora, mas também me deu muita força e cura. Espero que o meu testemunho tenha dado força e voz a outras sobreviventes e que possa ajudar outras mulheres que sofreram a falarem e se curarem do abuso e do medo. Para mim, quanto mais me curo, mais consigo me lembrar. E quanto mais consigo me lembrar, jamais esquecerei."

ABUSOS CONFIRMADOS

Cassandra Ventura foi só a ponta de um iceberg de um julgamento que promete arrastar para tribunal dezenas de figuras ligadas à indústria da música. Depois do depoimento da cantora, outra artista tomaria as rédeas do caso para confirmar os abusos e agressões sexuais. Dawn Richard diz ter sido testemunha de diversas cenas de violência doméstica. Durante um concerto, nos bastidores, viu-o disferir um murro na cara da namorada e noutra ocasião, outro no estômago, com Cassie Ventura a curvar-se imediatamente de dor. O mais chocante, afirma, é que as agressões não ocorriam na sequência de discussões, mas sim nas cenas mais básicas do dia a dia. "Pode ter sido ao acaso… Podia ser… ela ter uma opinião”, recordou.

Num desses momentos, em que Dawn Richard viu Diddy atingir a namorada com uma frigideira, convocou de seguida uma reunião em que exigiu o seu silêncio, se quisesse continuar a ter uma carreira na música.

O caso prossegue em tribunal, com ainda muitas testemunhas por ouvir e o ruir de um império que põe a nu a podridão do mundo de Diddy, o rapper que teve tudo e tudo perdeu.