
Há um manto de mistério em torno da princesa Charlene. O seu semblante permanentemente triste e fechado, o real estado do seu casamento, os sentimentos que nutre, ou não, pelo marido, qual o seu verdadeiro quadro clínico, o que a prende ao Mónaco, que acordos assinou, ou não, com Alberto do Mónaco… enfim, são muitas as questões para as quais não há respostas válidas e satisfatórias. E nem o seu recente regresso ao principado acabou com os rumores. Pelo contrário. A sul-africana tem-se apresentado em público, é certo, mas continua a mostrar-se triste. Parece estar sempre em esforço. Mesmo quando quer aparentar um ar de normalidade, a sua linguagem corporal reflete tensão e desconforto. Até o recente beijo nos lábios que os príncipes trocaram não ajudou a dissipar a imagem de farsa e fachada. No rosto de Alberto não há um traço de carinho. Muito menos no de Charlene. Foi um beijo para ser visto, não para ser sentido.
Mas mesmo com todas estas dúvidas e especulações, a sul-africana faz falta ao Mónaco. Como já o fez no passado. Quando Alberto procurou a noiva ideal. Precisava de ser discreta, não ter um passado difícil ou episódios que pudessem manchar a reputação do principado. A escolha recaiu sobre Charlene. Ela foi a eleita para dar um herdeiro ao Mónaco. Recorde-se que o príncipe regente já passava dos 50 anos quando resolveu assumir um compromisso oficial e ter um filho que o pudesse suceder. Os dois filhos ilegítimos que tinha de duas relações furtuitas não o poderiam fazer.
O TRUNFO DE ALBERTO
Agora, mais do que nunca, a nadadora olímpica volta a ser essencial para ajudar Alberto e ‘O Rochedo’. Ciente das dificuldades que o seu país atravessa, o príncipe regente tem de feito de tudo para que a mulher com quem casou se mostre a seu lado e dos dois filhos, os gémeos Jacques e Gabriella. É importante para a imagem do principado, já que as irmãs, as princesas Carolina e Stephanie, remetidas a um papel secundária, é Charlene que o mundo quer ver ao lado de Alberto. O pequeno país, que tem assistido à fuga de algumas fortunas para outros paraísos fiscais, necessita urgentemente de atrair empresários e celebridades a fixarem-se por lá. As medidas restritivas contra os oligarcas russos adotadas por quase todo o mundo ocidental foram arrasadoras para a política de Alberto. O príncipe viu fugir do principado os russos com (muito) dinheiro. Portanto, é preciso recuperar a imagem de glamour do Mónaco e Charlene é peça fundamental neste jogo que o Alberto quer (e tem) de jogar.
DUAS MULHERES COM O MESMO DESTINO
Isto já aconteceu no passado só que os protagonistas eram outros: Rainier e Grace Kelly. Também a atriz de Hollywood serviu de boia de salvação para o principado que na altura não era mais que um refúgio de malfeitores com dinheiro e burlões do fisco. Não era aquela imagem que o príncipe regente queria para o pequeno principado. O seu casamento com Grace Kelly reverteu a má imagem do país e trouxe o glamour ansiado e acabou por fixar ali muitas famílias europeias de renome. O Mónaco passou a ser residência de uma elite endinheirada. Foi a princesa Grace que conseguiu atrair o fascínio que ainda hoje se mantém n‘O Rochedo’, que se tornou numa das mais cativantes atrações turísticas. É aqui que as histórias de Charlene e da sogra se tocam: ambas foram usadas como trunfos essenciais para a história do país.
Mas há mais pontos em comum entre a mãe e a mulher de Alberto II do Mónaco. Tal como acontece hoje com Charlene, também Grace Kelly sofreu quando se viu para sempre presa ao Mónaco. Depois da inebriação natural por ter casado com um príncipe verdadeiro e se ter tornado, ela própria, uma cabeça coroada da Europa, a antiga atriz de Hollywood começou a ter saudades da vida que foi obrigada a abandonar para casar com Rainier. Faziam-lhe falta os aplausos e o ritmo agitado da meca do cinema. Foi ficando cada vez mais triste. Dizem os biógrafos que Grace Kelly conseguia transmitir para o exterior de uma mulher realizada, mas quando as portas do palácio Grimaldi se fechavam atrás de si, ela era incapaz de esconder a tristeza. Ao longo dos anos, e depois de várias tentativas de retomar a sua carreira mas sempre negadas pelo marido, Grace Kelly foi-se resignando. E a melancolia passou a fazer parte do seu estado de ânimo.
Pouco antes do acidente que a vitimou, a antiga atriz norte-americana concedeu uma entrevista e admitiu: "Tenho saudades de representar. Note bem, não tenho saudades de ser uma estrela de Hollywood – é muito diferente. Mas tenho saudades de ser atriz". Algo que surpreendeu foi quando não se disse uma mulher feliz: "Não creio que alguém possa dizer que é feliz. Há momentos de felicidade". Um estado de alma que parece ter sido tirado a papel químico como o de Charlene.
Mas se Grace Kelly se manteve no Mónaco ligada a um casamento indissolúvel por amor aos filhos, Alberto considera que Charlene tem a mesma obrigação que teve a mãe. É certo que a sul-africana é livre de sair do principado e fixar residência onde quiser, tal como Grace Kelly teve essa mesma liberdade, mas a verdade é que se essa for a sua decisão, a princesa deixa de ter os filhos perto de si, tal como teria acontecido à estrela de Hollywood. Para além de nenhum das duas ser monegasca de nascimento, nem sequer europeias, e se terem tornados princesas improváveis daquele pequeno país, ainda partilham o cruel destino de serem privadas dos filhos caso a decisão fosse abandonar o país para sempre.
CHARLENE, UMA MULHER AMBICIOSA
Mas Charlene, ao invés do que aconteceu com a sogra, tem sob as suas costas a suspeita que aceitou casar com Alberto por interesse e não por amor. Em dezembro de 2021, a revista britânica 'Tatler' fez capa com a princesa. Um trabalho jornalístico em que se desvendam alguns segredos. A referida publicação terá falado com várias pessoas próximas da sul-africana que dão uma visão menos romântica e frágil de Charlene. Segundo essas fontes, a mulher de Alberto II é descrita como uma pessoa "ambiciosa" e "sabia" muito bem "no que se estava a meter" quando, em 2000, começou a namorar com o príncipe herdeiro do Mónaco. Dizem ainda esses supostos amigos de Charlene que estão enganados todos os que pensam que ela é "extremamente ingénua" e que está presa em um casamento infeliz. As fontes contactadas pela 'Tatler', garantem que a princesa "é muito boa em manter os seus verdadeiros sentimentos em segredo". Categóricas, todas consideram que ela "não é como Lady Diana" e que tem uma personalidade forte. "Está longe ser ingénua", garantem. A ambição vem de longe, dos tempos em que competia como nadadora profissional. Dizem que ela não deve ser "subestimada". Perfeccionista, especialmente como nadadora, ela era e é muito "exigente". "Não acho que Charlene não sabia o que estava a fazer quando se casou com Alberto".