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A impressionante relação de Johnny Depp com os poderosos da Arábia Saudita manchada por denúncias de assassinato e tortura

A estrela de Hollywood Johnny Depp aproxima-se de três príncipes sauditas determinados a dar muitos milhões a famosos em troca... de um simples favor.
Amarílis Borges
Amarílis Borges
15 de fevereiro de 2024 às 23:14
Johnny Depp
Johnny Depp
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Johnny Depp
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Johnny Depp
Johnny Depp
Johnny Depp, transformação
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Johnny Depp
Johnny Depp
Johnny Depp
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Johnny Depp
Johnny Depp
Johnny Depp
Johnny Depp, transformação

De que forma a vida de bad boy de Johnny Depp, com um passado de abuso de álcool e drogas se cruza com a de três príncipes da rigorosa Arábia Saudita dispostos a abrir os cofres do Estado em troca de amizade e - porque não? – em troca de alguma 'vantagem' para ultrapassar o histórico de assassinatos e torturas naquele país?

O ano era 2016, Johnny Depp tinha acabado de assinar um acordo de divórcio em que pagaria sete milhões de dólares a Amber Heard, enfrentava acusações de abusos psicológicos, violência doméstica e infidelidade, estava prestes a perder os seus maiores papéis em Hollywood, e sabia muito pouco do que estava a acontecer com a sua carreira. O ‘Daily Mail’ publicou raras fotografias do ator naquele ano. O público via pela primeira vez o estado de Johnny Depp após a separação polémica.

Num mega iate de quatro andares, avaliado em 200 milhões de dólares, a navegar no mar de Ibiza, lá estava o ator de copo na mão direita, uma boina preta para tentar passar despercebido, rodeado por cinco homens que andavam com ele, seguravam os seus dois braços, para impedir qualquer queda. Era o iate do príncipe saudita Abdul Aziz, que estava a acolher o amigo, seu companheiro de festas em Nova Iorque e Paris, e transformou o barco na casa da estrela de Hollywood. A versão palaciana de dormir no sofá do amigo.

Com uma fortuna de pelo menos 10 mil milhões de dólares, Abdul Aziz não sabia que estava a aproveitar o último ano de liberdade. Em 2017, o príncipe desapareceu de repente dos eventos públicos. Soube-se mais tarde que ele foi um dos 300 homens mais ricos e poderosos da Arábia Saudita apanhados numa mega operação anticorrupção pedida pelo seu primo, o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, conhecido como MBS.

A investigação não deu em nada contra Abdul Aziz, ele saiu em liberdade mas tem uma vida completamente diferente hoje em dia, longe dos radares, das câmaras e, principalmente, dos amigos de Hollywood com quem gastava fortunas.

A história podia ficar aqui, mas cinco anos depois o destino de Johnny Depp cruzou-se novamente com a vida de ouro e regalias dos amigos da Arábia Saudita. O ator estava em Paris a terminar o filme ‘Jeanne du Barry’, um drama inspirado na vida de Jeanne Bécu, a última amante de Luís XV, quando conheceu o príncipe Bader bin Farhan Alsaud, ministro da Cultura da Arábia Saudita, outro primo de Mohammed bin Salman.

De acordo com um artigo recente da ‘Vanity Fair’, Johnny Depp primeiro recusou-se a conhecer o homem mas logo cedeu. É que o príncipe Bader tinha acabado de autorizar milhões para a produção de ‘Jeanne du Barry’ e, por gentileza, o ministro da Cultura também estava disposto a organizar um encontro entre Depp e o velho amigo Abdul Aziz, assim como mostrar a documentação com a investigação contra o príncipe das festas.

Bader bin Farhan Alsaud tem como funções participar de eventos como a Bienal de Veneza, reunir-se com diretores de museus, e atrair estrelas internacionais para a Arábia Saudita, seja no cinema ou na música, tudo para seguir o plano de mudança da reputação do país aos olhos do resto do mundo.

A mediação do encontro entre Johnny Depp e Bader no verão de 2022 foi negociada pelo empresário francês Sina Taleb, conhecido como um ‘wheeler-dealer’, que é como quem diz um ‘chico-esperto’. Taleb também foi o responsável por apresentar opções ao ministro Bader quando ele mostrou interesse em investir num filme estrangeiro.

Primeiro contactou Thomas Langmann, produtor de ‘The Artist’, para oferecer milhões a ‘Megalopolis’, de Francis Ford Coppola, o que o realizador recusou. ‘Jeanne du Barry’, de Maiwenn, tinha um orçamento apertado e assim recebeu um cheque saudita. As contas finais do filme foram 22,4 milhões de dólares, disse a ‘Vanity Fair’.

O investimento da Arábia Saudita num filme francês, todo gravado em França, está longe dos objetivos do governo de promover produções nacionais. Não deixou de ser estranho também o interesse do ministério da Cultura saudita num filme sobre uma amante, com cenas de sexo e com álcool. Até ao final de 2017 o cinema era proibido naquele país. Em 2023, o filme de abertura do Festival de Cinema de Cannes, ‘Jeanne du Barry’, foi financiado pela Arábia Saudita – talvez isso explique o interesse do príncipe Bader bin Farhan Alsaud, apesar de ser pouco provável que a produção com Johnny Depp chegue alguma vez às salas de cinema de Riade.

TAPETE VERMELHO EM GIDÁ

Depois do encontro em Paris, Johnny Depp foi convidado para fazer uma digressão na Arábia Saudita, com uma passagem pelo Festival de Cinema do Mar Vermelho, em Gidá, evento que tem recebido anualmente várias estrelas internacionais, como Will Smith, Sharon Stone e Priyanka. Martin Scorsese foi convidado numa das edições mas recusou.

Depp passou sete semanas entre palácios, viagens de iates e helicópteros na Arábia Saudita, tendo como guia o ministro da Cultura. "Embora eu admita que fui um pouco ingénuo no início em relação ao que estava a acontecer na região, desde então vi em primeira mão a revolução cultural que está a acontecer lá. Desde jovens contadores de histórias que irradiam novas ideias, e trabalhos de arte, a uma infraestrutura cinematográfica florescente, e a uma nova curiosidade pela inovação. Tive a oportunidade de conhecer pessoas de vários pontos da região que foram muito acolhedoras ao partilhar comigo a cultura, as tradições e as suas histórias."

Por esta altura, já Johnny Depp tinha estabelecido uma ligação com outro príncipe, o todo-poderoso MBS, Mohhamed bin Salman, de 38 anos, príncipe herdeiro e primeiro-ministro do país, filho do rei Salman. "Eles estabeleceram uma ligação genuína", disse um amigo de Depp àquela revista. "É um choque para muitas pessoas que o conhecem, mas foi o que aconteceu."

"As viagens à Arábia Saudita são realmente saudáveis para ele", comentou um amigo atento à luta de Johnny Depp contra o vício do álcool e das drogas. As bebidas alcoólicas são proibidas na Arábia Saudita, no entanto, vários meios internacionais relatam que dentro das mansões dos estrangeiros não é difícil serem encontradas garrafas.

Segundo a ‘Vanity Fair’, a amizade entre MBS e Johhny Depp pode se traduzir brevemente num contrato anual de sete dígitos para promover a cena cultural saudita. Se assim for, o ator poderá ter acesso privilegiado à cidade milenar Al-Ula, localizada na província de Medina, a mais de mil quilómetros a noroeste da capital Riade, e a 245 quilómetros da costa do Mar Vermelho.

A cidade antiga estava abandonada no deserto até à construção de um ambicioso complexo de estúdios de cinema, que continua a crescer desde a inauguração em 2020, rodeado por dunas, montanhas, vulcões, rios e vales. Na mesma província de Al-Ula está localizado o sítio arqueológico Hegra, Património Mundial da UNESCO. O local já foi usado para ‘House of Dragons’, ‘Cherry’, ‘Khandahar’, ‘Badeel’ e ‘Norah’, e está a oferecer uma série de incentivos financeiros para atrair para produções ao local.

Da Cultura saudita, Johnny Depp já recebeu mais um apoio, agora para o filme que está a realizar, ‘Modi’, sobre dois dias de festas, caos e alucinações do artista italiano Amedeo Modigliani. O filme ainda não tem data de estreia.

O OUTRO LADO DA MOEDA

O plano do príncipe MBS de melhorar a economia com turismo e indústrias do entretenimento passa também por alimentar os seus próprios prazeres. O primeiro-ministro saudita é fã de futebol, cinema, videojogos e música eletrónica. Até 2018, era proibido tocar música em público na Arábia Saudita. Agora, há vários palcos para artistas internacionais – no entanto, continua a ser proibido dançar em público e as mulheres e os homens têm que ficar em áreas separadas.

David Guetta é um dos DJ que visitaram recentemente o país, inclusive a zona dos estúdios de cinema de Al-Ula.

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Mas e o que ninguém consegue esquecer sobre a Arábia Saudita? O país "gasta milhares de milhões de dólares na organização de grandes eventos de entretenimento, culturais e desportivos para desviar a atenção do seu fraco histórico no que diz respeito aos direitos humanos", apontou a Human Rights Watch no site oficial

Num artigo recente sobre o Mundial de Futebol de 2036, a organização argumenta mesmo que "o terrível histórico de direitos humanos da Arábia Saudita piorou sob o governo do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, incluindo execuções em massa, contínua repressão aos direitos das mulheres sob seu sistema de tutela masculina e o assassinato de centenas de migrantes na fronteira entre Arábia Saudita e Iémen".

"A tortura e prisão de críticos pacíficos do governo continuam, e os tribunais impõem longas penas de prisão a mulheres sauditas pelo uso do Twitter. Relações fora do casamento, incluindo relações homossexuais, são consideradas crimes, com punições que incluem a morte. Pessoas LGBT na Arábia Saudita praticam extrema autocensura para sobreviver no dia-a-dia. Jogadores e fãs LGBT que visitam a Arábia Saudita podem enfrentar censura, estigma e discriminação com base na sua orientação sexual e identidade de género", continuou a organização.

O assassinato do jornalista Jamal Khashoggi dentro do consulado saudita em Istambul é um dos piores capítulos na governação do novo amigo de Johnny Depp. O jornalista de 59 anos, cronista do jornal The Washington Post, queria uma licença para casar com a noiva turca. Dentro do consulado, ele foi drogado, morto e desmembrado por agentes sauditas. MBS garantiu que não ordenou o assassinato de Khashoggi, mas assumiu a responsabilidade. A CIA, pelo contrário, concluiu num relatório publicado três anos depois que MBS, o amigo revolucionário de Johnny Depp, ordenou o assassinato.

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