
O que começou por ser um processo de violência doméstica transformou-se, com o passar dos meses, numa espécie de duelo de titãs. Aos 96 anos, internada num lar e com muitas dúvidas a serem levantadas sobre o real estado das suas faculdades mentais, Betty Grafstein tornou-se como que num peão de um jogo de xadrez liderado por José Castelo Branco e Roger Basile, que se enfrentam agora na Justiça, numa disputa que eleva esta batalha a um novo patamar: a luta parece ser pelo dinheiro.
E a guerra entre os dois subiu de tom desde que o português conseguiu regressar a Nova Iorque. De repente, Roger, que já julgava ter encerrado o assunto 'Castelo Branco', viu novamente o inimigo à porta e, de acordo com o advogado do socialite, Fernando José Silva, tem liderado uma campanha de ameaças e perseguição para eliminar o marido da mãe da sua vida. "Tem sido alvo de ameaças diárias", explica o advogado à CMTV, acrescentando que, por isso, deu entrada com um pedido na Justiça americana para que o filho de Betty não se possa aproximar de Castelo Branco e que quando se encontrarem em tribunal este será "escoltado pela polícia de forma a garantir a sua segurança".
Os dois terão, no entanto, muito que resolver, a começar pela questão daquela que consta como residência oficial de José Castelo Branco nos seus documentos americanos e que é o apartamento onde residia com Betty. Ao chegar a essa casa, no coração de Nova Iorque, o 'conde' foi impedido de entrar e Roger terá em mente a negociação de uma indemnização milionária para que o apartamento possa ser cedido ao condomínio (a renda é muito baixa e há interesse dos proprietários em que o contrato de arrendamento seja desfeito). No entanto, o americano está agora de pés e mãos atadas, nada podendo fazer enquanto o processo estiver na Justiça.
Por tudo isto, o regresso de Castelo Branco aos Estados Unidos representou um enorme balde de água fria para Roger, que ergue esforços para que o português regresse a Lisboa, algo que poderá nunca vir a acontecer. Com cidadania americana, a dada altura o socialite pode escolher deixar de ser português e, como o advogado deixou claro à CMTV, o facto de Castelo Branco poder regressar a Portugal para responder a processos judiciais não quer dizer que volte "para Portugal", sendo que esse regresso definitivo está cada vez mais afastado.
Em entrevista à CMTV, Fernando José Silva fez ainda questão de esclarecer que, neste momento, é irreal falar em pedido de extradição, uma vez que José Castelo Branco não faltou a nenhum apontamento na Justiça. "Não há motivo para mandatos de detenção, o processo não foi transferido para os Estados Unidos e nada indica que seja. Nenhum dos processos que estão a decorrer nos Estados Unidos está relacionado com a violência doméstica", afirmou, chamando ainda a atenção para aquilo que considera uma manobra da acusação e que se prende com o facto de o processo de divórcio ter dado entrada em Portugal, com a alegação de que Betty seria residente no nosso país, algo que, segundo o advogado não acontece há mais dr 15 anos.
A urgência no processo de divórcio, e no facto de este ser tratado em Portugal, prende-se com o facto de, de acordo com a lei do estado de Nova Iorque, ter direito a parte da herança de Betty, o que aconteceria caso a socialite, de 96 anos, viesse a falecer. "Por isso é que dizemos que isto é muito mais do que um processo de violência doméstica. É um processo que tem muito a ver com uma guerra antiga entre o Roger e Castelo Branco, que tem a ver com uma guerra pelo dinheiro. A questão aqui é: alguém ainda se lembra que Betty existe? Penso que ouvi-la seria essencial", diz uma fonte, para explicar como tudo, no final de contas, se transformou numa disputa de interesses.
ROGER E CASTELO BRANCO: GUERRA DESDE O PRIMEIRO DIA
Quem acompanhou a relação entre Castelo Branco e Betty sabe que o filho nunca aceitou este casamento da mãe, que tinha enviuvado de Albert Grafstein quando conheceu o português. A imagem excêntrica do 'conde' nunca foi propriamente bem acolhida por Roger e houve sempre uma distância a marcar o relacionamento entre os dois.
"O filho vem de uma família mais conservadora. Ele nunca gostou de ver a mãe casada com o Zé. No fundo, o Zé é um transformista, um homem que gosta de vestir-se de mulher e o Roger nunca achou graça a isso", já recordou à FLASH! o cronista social António Leal e Silva para descrever o início da famosa inimizade.
Durante esses anos, os dois debateram-se sempre numa espécie de guerra de bastidores. Roger acusou o padrasto de atitudes de violência para com a mãe, quando esta apareceu com uma pala no olho numa festa no Algarve pouco depois do início da relação, e Castelo Branco queixou-se também de violência por parte do padrasto.
"Ele bateu-me uma vez, ele é da máfia e manda as pessoas para me ameaçar, não sei se eles estão armados. Uma vez, ele ameaçou-me com uma faca, e assediou-me sexualmente em 2015. A data aproximada do primeiro incidente é 1998", afirmou José Castelo Branco na queixa que apresentou em Nova Iorque contra Roger.
Com o passar do tempo, Roger terá aceitado que pouco podia fazer se aquele era o real desejo da mãe, mas distanciou-se da vida de Betty e, consequentemente, do português. Conviveram, em 30 anos, em muito poucas ocasiões e Betty chegou a dizer que se sentia abandonada pelo filho, que, no entanto, mantinha um controlo absoluto sobre as contas da progenitora.
Agora, na reta final da vida, os dois voltaram a aproximar-se e o advogado de Castelo Branco não tem dúvidas de que todos os processos são maobrados por Roger. "Nao é a Betty no seu estado atual que está com capacidade por sua iniciativa de pedir este impedimento", disse, alavancando a sua convicção no estado de confusão que é relatado pelas pessoas que vão ver a americana à clínica. "Há pessoas que visitam a Betty e que também conhecem o José Castelo Branco e que lhe transmitem, e obviamente que ela não estána posse total das suas capacidades mentais", concluiu.