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Está tudo nas mãos da mulheres... deles! Desvendamos as estratégias infalíveis de Lula e Bolsonaro que vão decidir as eleições no Brasil

Em tempos de ataques machistas e misóginos, os principais candidatos à Presidência brasileira têm apostado nas mulheres para garantir a vitória. É que apesar da pouca representação, elas formam 53% dos eleitores. E quem melhor do que as suas próprias mulheres para os ajudarem nesta luta? Saiba quem são elas e como atuam.
Amarílis Borges
Amarílis Borges
08 de setembro de 2022 às 22:25
Janja da Silva
Janja da Silva
Janja da Silva
Janja da Silva
Janja da Silva
Janja da Silva
Janja
Michelle Bolsonaro
Michelle Bolsonaro
Michelle Bolsonaro
Michelle Bolsonaro
Michelle Bolsonaro
Michelle Bolsonaro
Michelle e Janja
Janja da Silva
Janja da Silva
Janja da Silva
Janja da Silva
Janja da Silva
Janja
Michelle Bolsonaro
Michelle Bolsonaro
Michelle Bolsonaro
Michelle Bolsonaro
Michelle Bolsonaro
Michelle Bolsonaro
Michelle e Janja

Nunca o voto feminino teve tanto peso nas eleições presidenciais brasileiras como este ano. Faltando menos de um mês para a primeira volta, a disputa está cada vez mais centrada em temas como o machismo e a misoginia por causa dos ataques do presidente Jair Bolsonaro. 

Também nunca houve tantas mulheres candidatas à Presidência. Num país em que 53% dos eleitores são mulheres, 82 milhões ao todo, pela primeira vez em 33 anos há quatro candidatas na disputa pela principal cadeira do Palácio do Planalto: Vera Lúcia (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados), Sofia Manzano (Partido Comunista Brasileiro), Simone Tebet (Movimento Democrático Brasileiro) e Soraya Thronicke (União Brasil).

Se não tinha conhecimento dos dois primeiros nomes daquela lista, não pense que está desinformado. Os candidatos Jair Bolsonaro (Partido Liberal) e Lula da Silva (Partido dos Trabalhadores) concentram a esmagadora maioria da intenção de votos. Uma pesquisa da Quaest divulgada esta quarta-feira, 7, pela imprensa brasileira revelou que o ex-presidente tem 46% das intenções de voto, contra 34% de Bolsonaro. Em terceiro lugar estão Ciro Gomes (Partido Democrático Trabalhista) e Simone Tebet, empatados com 7% e 4%, respectivamente. Os outros candidatos variam de 0% a 1% ou nem pontuam. 

UMA DELAS SERÁ PRIMEIRA-DAMA

Apesar do número recorde de candidatas mulheres, o que está a chamar atenção na campanha é mesmo o papel das companheiras dos dois principais candidatos, Michelle Bolsonaro e Rosângela (Janja) da Silva. Uma das duas será (ou vai continuar a ser) primeira-dama do Brasil, um lugar que não tem nenhuma função administrativa no governo, nem remuneração, e que está ligado a uma tradição de "assistencialismo" e trabalho voluntário em causas de solidariedade.

Mas por quê as duas mulheres estão a assumir protagonismo e uma agenda própria na campanha eleitoral? Os ataques de Jair Bolsonaro contra as mulheres marcam fortemente as respostas de Janja e de Michelle.

Só para exemplos recentes, no primeiro debate dos candidatos na televisão, Jair Bolsonaro atacou a jornalista Vera Magalhães por ter feito uma pergunta sobre as desinformações no período de vacinação contra a covid-19, esquivando-se também de responder à questão. Esta semana, o presidente atacou a jornalista Amanda Klein numa entrevista à rádio Jovem Pan (veículo conhecido pela proximidade aos bolsonaristas) por ela ter feito uma pergunta sobre um alegado esquema de corrupção da família de Bolsonaro na compra de imóveis. E no discurso sobre os 200 anos de independência do Brasil, que foi transformado num comício, Bolsonaro comparou Janja e Michelle: "Podemos fazer várias comparações, até entre as primeiras-damas, não há o que discutir. Uma mulher de deus, família e ativa na minha vida".

Uma pesquisa do Centro Feminista de Estudos e Assessoria revelou que neste ano de eleições as mulheres estão interessadas em trabalho, rendimento, creches e estão preocupadas com a inflação e a perda do poder de compra, noticiou o podcast 'O Assunto'. É assim que Janja e Michelle tentam falar com estas eleitoras. 

ELEIÇÕES PARA A PRIMEIRA-DAMA

Michelle Bolsonaro passou por Brasília de forma discreta, sendo poucas vezes tema para a imprensa. Na tomada de posse, em 2019, chamou atenção por ser a primeira primeira-dama a fazer um discurso naquela cerimónia, que ela escolheu fazer em linguagem gestual. Depois daquele momento de protagonismo, pouco se falou de Michelle, de 40 anos.

Mas este ano, a terceira mulher de Bolsonaro voltou a aparecer com todas as armas. Em julho, Michelle discursou por cerca de 12 minutos no evento de apresentação da candidatura de Jair Bolsonaro, um discurso em que chama atenção a sua retórica em comparação com a do marido.

Mais recentemente, a primeira-dama fez a sua estreia num vídeo para o horário eleitoral obrigatório na televisão. Michelle escolheu um tema sensível ao Partido dos Trabalhadores, a transposição do rio São Francisco, no nordeste, obra que leva água a regiões secas do Brasil e continuou no governo bolsonarista mas que só foi iniciada por Lula, apesar de vários políticos passarem décadas a usar o tema como promessa em tempos de eleições.

A estreia da primeira-dama em campanha não podia acontecer sem polémica. O vídeo em questão foi suspenso por ter um tempo superior ao permitido por lei.

Do outro lado, Janja da Silva respondeu a aquele vídeo de Michelle chamando de "cara de pau" por ela ter escolhido justamente o tema da transposição do rio São Francisco. 

Janja também teve os seus segundos de fama. No seu vídeo, a socióloga de 56 anos fala nas "mulheres endividadas para poder levar alimentos para suas famílias", em "segurança alimentar" e em "mães que perderam casas". 

Para a imprensa brasileira a influência de Janja vai para lá das câmaras. A socióloga tem coordenado uma agenda própria para discursos sobre segurança alimentar e violência doméstica. E, apesar de não ter um cargo executivo dentro do PT, Janja participa nas reuniões da campanha ao lado dos líderes dos partidos que integram a nova aliança política de Lula, segundo 'O Globo'.

A agenda de Lula também depende do olhar de Janja, que supervisiona as atividades do marido para garantir que ele descansa entre eventos. 

A 'Gazeta do Povo' também conta uma espécie de atrito entre Janja e a campanha de Lula. A equipa teria concordado em não cair em "provocações dos adversários", mas um dia depois desta decisão, a mulher de Lula respondeu a um tweet de Michelle Bolsonaro. A primeira-dama tentou associar o candidato do PT e as religiões afro-brasileiras a "trevas" e Janja respondeu: "Eu aprendi que Deus é sinónimo de amor, compaixão e, sobretudo, de paz e de respeito. Não importa qual a religião e qual o credo".

Também será de Janja a ideia de levar mais artistas e influenciadores digitais à campanha de Lula, uma estratégia que convenceu Anitta e toda a máquina de marketing por trás da cantora. 

Do lado de Michelle Bolsonaro, a ideia é suavizar a imagem bruta do atual presidente. Quando ele ataca jornalistas mulheres e foge a perguntas, a primeira-dama comenta: "Se para alguns parece estranho que o Jair tenha feito tanta coisa para a proteção das mulheres, é porque não conhece o presidente".

"O meu depoimento não é só de uma esposa que ama o seu marido. O Jair sabe que cuidar da mulher é cuidar da criança deficiente, é trabalhar dia e noite pela inclusão. Ele conhece a dor dessas mulheres. Eu sei quem é ele dentro de casa", disse, na tentativa de humanizar o presidente que ganhou forte rejeição pelos comentários sobre as mortes na pandemia da covid-19.

A real influência das companheiras dos dois principais candidatos à Presidência do Brasil ainda está por provar. Em agosto, as pesquisas mostravam que Michelle e Janja pouco influenciam na intenção de voto. De acordo com a Quaest, para 77% dos eleitores, a atual primeira-dama não interfere na escolha do candidato, enquanto 81% afirmava não sofrer influência de Janja.

Para já, a intenção do voto feminino está na maioria ao lado de Lula da Silva (45% disseram no final de agosto que iam votar em Lula). Jair Bolsonaro ainda concentra 29% dos votos femininos. Estes números tendem a mudar a cada semana à medida que se aproximam as eleições. A primeira volta vai acontecer a 2 de outubro. 

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Quem é a nova primeira-dama do Brasil?

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