Miguel Araújo e António Zambujo dão dois concertos na Altice Arena. Será que se consegue mesmo explicar o fenómeno?
Sete anos depois de terem batido todos os recordes, a dupla dos ‘Ujos’ está de volta aos palcos. O pretexto para lembrar a amizade entre um portuense de gema e um alentejano de raiz que um dia, se conheceram num bar, em Lisboa.
Quando em 2016, António Zambujo e Miguel Araújo decidiram levar para palco a amizade e a cumplicidade artística que os unia, não podiam imaginar no que se estavam a meter, nem no fenómeno a que estavam a dar origem, algo nunca visto em Portugal. A verdade é que entre Porto e Lisboa bateram todos os recordes com 28 coliseus esgotados e mais de 80 mil espectadores. Na altura, e com o bom humor que o caracteriza, António Zambujo até ironizava: "isto parece uma dupla sertaneja". Agora estão de volta aos grandes palcos. Depois do Coliseu Micaelense, dias 22 e 23 de setembro, sobem esta sexta e sábado (dias 6 e 7) à maior sala do país, a Altice Arena, em Lisboa.
Mas afinal que fenómeno é este? Para quem ainda não teve oportunidade de ver António Zambujo e Miguel Araújo ao vivo, precisa de saber, em primeiro lugar, que aquilo que eles levam para palco é muito mais do que um concerto ‘convencional’. São dois amigos que se juntam na sala de estar lá de casa, depois de uma jantarada bem regada, para desfiarem canções, improvisarem e contarem histórias… e se eles têm histórias para contar! Por outras palavras, Araújo e Zambujo, a quem também já chamaram ‘Arambujo’, fazem o que querem, cantam o que querem e como querem. O próprio César Mourão, grande amigo dos cantores, já disse que os dois fazem isto tão bem que "mesmo que metessem o Elton John só iam estragar".
Para tentar explicar o fenómeno e os 28 coliseus, António Zambujo dizia em 2016: "Recebi todas as noites o Miguel em palco como o recebo sempre em minha casa e como ele me recebe a mim em casa dele. Juntamos os nossos amigos, uns copos de vinho e só procuramos divertir-nos". Já Miguel Araújo dizia: "uma coisa que obviamente atrai as pessoas é serem dois artistas que não se encontram juntos todos os dias". Ainda assim, mostrava-se surpreendido com a marca dos 28 Coliseus. "É preciso perguntar às 82 mil pessoas, o que lhes passou pela cabeça".
Uma amizade (im)provável
A amizade entre António Zambujo (um alentejano de raiz) e Miguel Araújo (um portuense de gema) começou num bar em Lisboa, o Berimbar, na Lapa, propriedade da mãe de João Pedro Ruela, em tempos manager comum dos dois artistas. Miguel andava por Lisboa com uma guitarra portuguesa debaixo do braço (andava a aprender a tocar) e Zambujo fazia parte do musical ‘Amália’ de Filipe La Féria. Travaram amizade e desde então nunca mais se largaram, fazendo várias parcerias nos discos um do outro. A voz e a guitarra são sempre o ponto de partida, mas a cumplicidade entre os dois vai muito para lá disso. São amigos de casa e até já fizeram férias em família. Os dois são de tal forma "almas gémeas" um do outro que, numa edição dos globos de ouro, conta-se que Miguel Araújo chegou mesmo a ser chamado de ‘Miguel Zambujo’.
Depois de se terem apresentado nos Açores, dia 22 e 23 de setembro, no arranque desta nova digressão e depois dos dois concertos agora na Altice Arena, os ‘Ujos’ sobem ao Porto. Miguel Araújo e António Zambujo atuam entre os dias 24 e 28 de outubro na Super Bock Arena.