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Weekend - Lisboa

O que vai acontecer aos Jacarandás de Lisboa? Como chegaram à capital e estão agora sob ameaça cerrada

Câmara pretende eliminar parte dos Jacarandás da Avenida 5 de outubro para construir um parque de estacionamento subterrâneo. Polémica gerou uma petição que deixou a autarquia debaixo de fogo e com questões por responder: porque é que Lisboa está a ir precisamente na direção contrária da maioria das capitais europeias?
Por Rute Lourenço | 26 de março de 2025 às 21:14
Jacarandás Foto: Flash

Os Jacarandás são parte da magia alfacinha. A época em que floridos, em meados de maio, dão um colorido único a Lisboa, é vista como um espetáculo especial da natureza, que pinta primeiro as copas de lilás e depois o chão, quando as flores começam a cair e o processo deixa de ser tão agradável para quem pisa a calçada portuguesa e se debate com roxo por todo o lado, flores nas solas dos sapatos ou coladas nos vidros dos carros. Por essa altura, o cheiro que exalam também não é o mais agradável.

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No entanto, mesmo com todos os contras, os lisboetas são peremtórios: as chatices dos Jacarandás são compensadas por aquela beleza rara que proporcionam, faz parte da história da cidade, é uma espécie de poesia em tons de violeta, que dá à capital um toque de exotismo e uma assinatura muito própria, por não haver muitos casos paralelos pela Europa. Até porque eles, os Jacarandás, são caprichosos: odeiam frio e só o clima ameno da capital os mantém desde que para lá foram levados, da América no início do século XIX, a pedido do Jardim Botânico da Ajuda, que se deixava encantar pela sua beleza.

Desde então, são uma espécie de imagem de marca de artérias como o Príncipe Real, Campo Pequeno, Av. D. Carlos I, Avenida da Torre de Belém, Avenida do Restelo e na Av. 5 de Outubro, estes últimos no centro da polémica mais recente, depois da Câmara Municipal anunciar que se se preparam para deixar de ali estar para que se possa construir um parque de estacionamento subterrâneo.

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Dos 75 jacarandás existentes na Avenida, 30 serão mantidos, 20 transplantados e 25 abatidos, sendo que, posteriormente, serão replantados 39 jacarandás.

O anúncio gerou uma onda de revolta e deu, inclusivamente, origem a uma petição pública para que se mantenham as árvores históricas, à qual a Câmara prometeu responder em breve.

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A questão fulcral é: quando na Europa, as grandes capitais vedam o trânsito, fecham ruas e erguem fronteiras para preservar não só a beleza do património cultural como também o ambiente, não estará Lisboa a ir numa direção perigosamente contrária?

"Sem comentário possível. Medina, Moedas, a mesma maneira de entender uma cidade sustentável e verde. Vereador e presidentes de Câmaras. Viajem, ganhem mundo, vejam o que se faz no coração das cidades europeias. Não é estacionamento e muito menos eliminar árvores que já existem com a cantiga da carochinha que serão substituídas. Levarão anos a formar a densidade das que já lá existem”, atirou Nuno Prates, jardineiro responsável por grande parte dos jardins da cidade, e que não calou a sua revolta nas redes sociais, depois de a Câmara ter tentado mascarar o abate dos Jacarandás com uma publicação em que, para quem não aflorasse o tema a fundo, até poderia ser uma situação em que Lisboa e o ambiente sairiam a ganhar.

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Na petição, dirigida à Assembleia Municipal de Lisboa, fala-se ainda na falta de clareza na comunicação da Câmara Municipal de Lisboa e da forma como se está a assassinar um símbolo de Lisboa. "Não nos podemos esquecer de como marcam a passagem das estações num lugar em que o tempo aprece fugir de nós deixando-nos reféns de um constante e infinito agora, de como nos espantamos e comovemos com os pequenos espetáculos que a natureza nos oferece”, pode ler-se.

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