Mário Centeno é o “rei” das finanças da Europa, mas tem as contas pessoais num caos
A declaração de rendimentos do ministro das finanças no Tribunal Constitucional revela que o especialista em economia não sabe gerir as suas poupanças pessoais. Nas suas contas bancárias cabe de tudo um pouco: acções do SLB, 138 mil euros repartidos por sete contas que lhe rendem menos 1.900 euros por ano e aplicações em produtos bancários desastrosos.
Mário Centeno, o tímido e reservado ministro português das finanças que acaba de ser nomeado presidente do Eurogrupo – a super equipa de ministros das finanças da União Europeia – escondeu aos seus congéneres europeus que a sua carteira das finanças pessoais é uma verdadeira gerigonça financeira. Logo ele, aquele a quem o ministro alemão Wolfgang Schäuble chama "o Ronaldo do Eurofin".
O algarvio que nasceu há quase 51 anos em Olhão, que viveu até aos 15 em Vila Real de Santo António, que depois foi estudar para Lisboa e que desde hoje, 4 de Dezembro, comanda as manobras do pelotão composto pelos 19 ministros das finanças da zona Euro, investiu 33 euros em ações do Sport Lisboa e Benfica (SLB), o seu clube do coração, aquele onde tem um lugar cativo no estádio, mas também fez pequenas e cautelosas aplicações financeiras em empresas como a 'Galp Energia', 'NOS', 'Pharol', 'Portucel', 'REN' ou 'Martinfer', esta última onde gastou pouco mais de dez euros.
Na prática, Mário Centeno é um pequeno acionista com uma taxa de risco em bolsa de valores muito conservadora. O investimento é tão ridículo que o especialista em finanças paga mais em comissões de guarda de títulos no 'Millennium/bcp' (cerca de 37 euros por ano) do que o valor somado das pequenas porções de ações que detém.
Apesar de ser doutorado em Economia pela 'Harvard Business School', nos EUA, e mestre em Matemática Aplicada à Economia e à Gestão, Centeno tem cinco depósitos a 30 dias automaticamente renováveis num banco pelos quais recebe uma taxa anual bruta de 0,05% e não se lembrou de os juntar com outros dois, num toral de 138 mil euros em poupanças, e negociar uma taxa mais ambiciosa. Segundo as contas feitas pelo jornal online 'Observador', em vez dos atuais 100 euros que ganha por ano, podia ganhar 2.000. Talvez não o faça por distração ou, quem sabe, por falta de tempo.
O ESPECIALISTA EM APLICAÇÕES FINANCEIRAS PESSOAIS QUE SÃO UM FIASCO
Outro dos azares financeiros do ex jogador de râguebi do ISEG que casou com uma colega de curso foi o investimento que fez em 2005 e 2006. Aplicou 18.300 euros no fundo IMGA Eurofinanceiras (na altura Millennium Eurofinanceiras), um fundo no qual já perdeu 7.300 euros, valendo agora menos 40% em relação ao valor inicialmente subscrito.
Além deste desaire na carteira de títulos financeiros, o homem que gosta de ouvir música de Zeca Afonso e de Sérgio Godinho e teve fama de ser comunista no seu Algarve natal, soma mais um investimento desastroso: subscreveu o Seguro Millennium Trimestral 2011 a 8 Anos – 5.ª Série, composto por obrigações e 'swaps' de taxa de juro e com uma obrigação do 'Espírito Santo Financial Group', que só está em incumprimento desde 2014.