Relatório revela que embate fatal do Elevador da Glória terá ocorrido a 60 km/h. Tragédia aconteceu em menos de um minuto
Guarda-freio fez de tudo para evitar a tragédia, acionando todos os mecanismos de segurança previstos numa situação deste tipo. No entanto, rutura do cabo fez com que a carruagem atingisse uma velocidade impensável de 60 km/h, quando numa situação normal o elevador circulava a não mais do que 11 km/h. As conclusões são do primeiro relatório, divulgado este sábado.Um primeiro relatório foi divulgado este sábado, dia 6, pelo Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF) sobre as possíveis causas do acidente do Elevador da Glória. A primeira grande conclusão que se pode retirar do documento é que o cabo que unia as duas cabinas do elevador da Glória cedeu no seu ponto de fixação, naquela que terá sido o grande gatilho da tragédia.
O GPIAAF confirma que o plano de manutenção ao funicular estava em dia e que na manhã do acidente havia sido realizada a última inspeção ao mesmo, sem nada que houvesse a alertar. No entanto, a mesma entidade esclarece que a zona exata em que o cabo partiu não é passível de "visualização sem desmontagem".
"Segundo as evidências observadas até ao momento, o plano de manutenção previsto estava em dia e na manhã do dia do acidente havia sido realizada a inspeção visual programada, a qual não detetou qualquer anomalia no cabo e nos sistemas de frenagem dos veículos. A zona onde o cabo se separou não é passível de visualização sem desmontagem."
De acordo com essa vistoria, a mudança de cabo só deveria ocorrer dentro de 263 dias. Ainda assim, não seria expectável que num exame diário essa alteração pudesse ser identificada, uma vez que existem vários tipos de inspeções e a diária não é exatamente a mais detalhada.
No mesmo relatório pode ainda ler-se que o guarda-freio, que acabaria por falecer na tragédia, fez de tudo para se tentar salvar e aos passageiros, acionando os dois mecanismos de travagem de segurança, no entanto esses não seriam nunca capazes de evitar este desfecho, uma vez que, com o cabo a partir-se, a carruagem seguiu desgovernada, assumindo uma velocidade impensável estimada de 60 km/h.
“Cerca de 170 metros após o início do percurso, no início da curva à direita que o alinhamento da calçada apresenta na sua parte final, o veículo, devido à velocidade, descarrilou e começou a tombar para a esquerda no sentido da marcha (…) Estima-se, com uma margem de incerteza não negligenciável devido ao desconhecimento de alguns parâmetros, que o primeiro embate tenha ocorrido a uma velocidade da ordem dos 60 km/h, tendo todos estes eventos decorrido num tempo inferior a 50 segundos". Uma velocidade impensável se pensarmos que, normalmente, o funicular percorre o percurso num tempo médio de 11 km/h.
No final, esclarece-se que o documento em questão não serve para apontar dedos, mas apenas para tentar chegar a uma conclusão sobre o que falhou em todo este processo. "Deste documento não podem ser retiradas quaisquer conclusões válidas quanto às causas do acidente, considerando que a informação factual aqui apresentada é incompleta, uma vez que apenas no decurso da investigação poderá a mesma ser completada e sujeita a análise, a qual ficará patente no relatório final”.