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Helena Sacadura Cabral transpõe para o novo livro as suas memórias mais pessoais: "Para se saber o que é a verdadeira alegria tem de se passar pela dor e pelo sofrimento"

Das reflexões mais complexas, às dores de alma, passando pelos grandes amores surgiu 'Talvez Um Dia', o novo livro de Helena Sacadura Cabral, que transpõe para o papel os desafios de uma vida cheia, que sempre aceitou com coragem e resiliência. Aos 91 anos, a mãe de Paulo Portas não nega as suas cicatrizes, afirmando que foram estas que a tornaram quem é hoje: uma mulher forte, que não vira a cara a desafios e a um bom livro. Depois deste, há mais histórias a caminho.
Por Rute Lourenço | 11 de dezembro de 2025 às 19:56
Helena Sacadura Cabral lança livro sobre desafios e memórias Flash
Helena Sacadura Cabral Flash
Helena Sacadura Cabral lança livro sobre memórias e desafios de uma vida cheia Flash

"Carrego marcas que ninguém vê. Algumas doem quando o tempo muda, outras só quando a alma se silencia." Esta é uma das frases de 'Talvez um Dia', o novo livro de Helena Sacadura Cabral e que é sintomática do tom da narrativa da escritora que, aos 91 anos, e com uma vida plena de conquistas, mas também dos mais duros embates, passa para o papel os reflexos dos seus estados de alma e da importância de "acolher as tristezas" sem deixar de as aceitar e aprender a saborear a vida.

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"Há bastante tempo, antes da pandemia, tinha resolvido fazer uma trilogia acerca do que na minha vida fora essencial. Dividi esse percurso por três livros – 'Pensar, olhar, viver', o primeiro; 'Olhos nos Olhos', o segundo; e este 'Talvez um dia...', o último, que fecha a dita trilogia. Outros, diferentes, virão se Deus me permitir", disse Helena Sacadura Cabral em entrevista à 'FLASH', na qual partilha como foi compor mais um livro.

Helena Sacadura Cabral Foto: Instagram/@helena_sacadura_cabral
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São dezenas e dezenas já de obras publicadas, de alguém cujo percurso sempre esteve inerentemente ligado à escrita, uma necessidade básica para autora que nunca sentiu o peso da página em branco porque, sempre que se senta ao computador, há uma torrente de palavras que acompanha os sentimentos mais recônditos, e que de pronto passa para o papel. "Se me sento ao computador vem a primeira palavra e o resto vai surgindo como se estivesse a conversar com alguém. Não se esqueçam que escrevo todos os dias nas minhas redes sociais."

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No caso deste livro, o que transpôs para a folha foram, essencialmente, reflexões, estados de alma, considerações sobre o que já lá vai e não pode ser alterado, que são o reflexo da busca pelo autoconhecimento a que Helena se dedicou durante muito tempo, num caminho rico que a trouxe até aqui. "Fiz, durante a pandemia por gosto, estudos de filosofia, que influenciaram muito o conteúdo do que escrevo e o meu modo de olhar o mundo e as pessoas. Mas como sou também empresária, não perdi a noção da realidade. Fiz psicanálise durante tempo suficiente para poder juntar as duas áreas e ficar mais rica como pessoa, que é o que realmente desejo."

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Apesar de falar sobre os diversos desafios da vida, dos mais básicos aos mais complexos, e da experiência e das dores que carrega nas suas nova décadas de vida, Helena Sacadura Cabral adianta que os seus livros não se inserem no segmento de auto-ajuda, antes transmitem a mensagem de que é importante reconectarmo-nos com o que verdadeiramente importa.

"(O que os leitores podem esperar é) talvez olharem o mundo de forma diferente, preocuparem-se mais em ser do que em ter ou parecer. Mas os meus livros não são de autoajuda. Longe disso. Eu falo da minha experiência e do meu caminho. Não pretendo que todos sejam iguais a mim. Que vivam sem estarem agarrados a um modelo que beneficia a juventude. E sobretudo não queiram ser iguais aos jovens. Cada idade tem a sua beleza. É preciso descobri-la, para se não cair no ridículo de mãe e filha parecerem iguais. Não são e é importante compreender isso. Pensem em si e em se valorizarem!"

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OS DEGRAUS DE UMA VIDA INTENSA

Helena Sacadura Cabral passou por uma das maiores dores que o ser humano pode enfrentar: a perda de um filho, Miguel Portas, em 2012, com apenas 53 anos, vítima de um cancro. Apesar da tristeza imensa e das saudades em fim, a escritora fez sempre da força a sua arma e agarrou-se às alegrias que tem para aprender a viver sem o filho, mas com as memórias deste sempre presentes. Nas suas redes sociais, as partilhas são muitas e tocantes, mas com o tempo, a também mãe de Paulo Portas tem passado uma mensagem positiva e de fé, de quem celebra o filho nas recordações de amor que com ele partilhou. "O Miguel foi um homem feliz. Viveu a vida que quis, como quis, com quem quis, onde quis. Recebeu uma educação diversa – a que cada um dos pais lhe deu –, mas fez de ambas, a sua própria interpretação. Num País de pouca liberdade esta foi, toda a vida, a sua companheira. E eu estarei sempre muito grata a Deus, pelo filho que me deu durante 54 anos!", escreveu, a propósito do 13.º aniversário do falecimento do filho.

Helena Sacadura Cabral e Miguel Portas Foto: Flash
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No livro, o assunto volta à tona nos desabafos de Helena, sempre que esta fala de aprender a viver com cicatrizes mas sempre com fé renovada. "A  vida é dor e alegria. E que para se saber o que é a verdadeira alegria tem de se passar pela dor e pelo sofrimento. Jesus fê-lo por nós", afirma, acrescentando que no amor de quem a rodeia encontra sempre um consolo e um embalo para a vida. "Eis algo que me não falta. E são esses afetos, que alimentam a minha alegria e aliviam as minhas tristezas. Os afetos são a base de uma vida rica e a ciência cada vez explica mais a sua importância. Basta ler o último livro de António Damásio."

Aos 91 anos, com saúde e muita vontade de continuar a escrever e a trabalhar, Helena Sacadura Cabral admite que os anos de vida lhe ensinaram a ser mais empática e generosa. "(A vida ensinou-me) que perdoe quem me magoou, e que seja solidária, tentando sempre pôr-me no lugar do outro. Chama-se a isto de empatia, de que os meus avós foram um grande exemplo", diz quem, admite, nunca pretendeu emendar o passado, mas sim encontrar-se nas mudanças, até mesmo nas mais dolorosas.

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"Se pudesse voltar atrás, não corrigia o passado. Afinal, foi nele que me tornei quem sou, mesmo com as cicatrizes. E talvez seja exatamente isso: viver é aceitar que o tempo segue em frente, mas deixa sempre um pouco de nós para trás", pode ler-se no livro.

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