Unidos pelo sonho do futebol. A relação umbilical de Diogo Jota e do irmão André que perderam a vida de forma trágica
Em miúdos lutavam pelo comando da Playstation e faziam de qualquer canto da casa um campo de futebol. Cresceriam lado a lado, unidos pelo sonho da bola, no seio de uma família que tudo faria para que vencessem. Os irmãos perderam a vida de forma absolutamente trágica, num brutal acidente de automóvel em Espanha.Diogo Jota e o irmão André cresceram em Gondomar e, apesar das desavenças típicas de irmãos com idades muito próximas - André era três anos mais novo - ficariam desde cedo unido pela enorme paixão pelo futebol. Em casa, partilharam os pais no passado, chegavam a lutar pelo comando da Playstation, enquanto partiam todos os vasos por fazerem de qualquer canto da casa um mini campo de futebol.
"O problema era a quantidade de vasos que partia", disse a mãe, Isabel Silva, à 'Sábado', em 2020, numa entrevista em que partilharia que Diogo e o irmão tinham feitios muito diferentes e que, por isso, em miúdos os atritos entre os dois eram uma constante. "Não se davam muito bem quando eram pequenos. O André começava a cantar assim que acordava e o Diogo não gostava. Têm feitios diferentes e até chegaram a lutar por causa da Playstation", afirmou a mãe, que agora perdeu os seus dois filhos de forma absolutamente trágica num acidente de automóvel.
Tanto Isabel como o marido, Joaquim, sempre fizeram de tudo para que os filhos pudessem conseguir seguir o sonho do futebol. Ambos trabalhadores numa fábrica de componentes de automóveis, os pais dividiam-se para acompanhar os filhos nos treinos e para lhes conseguir proporcionar condições para evoluírem. "Passei muitas horas ao frio, à chuva e ao vento a vê-lo nos treinos e nos jogos. E com um salário fabril não era fácil comprar tantas chuteiras", recordava o pai na mesma reportagem à 'Sábado'.
O esforço deu frutos e Diogo Jota acabaria por desenvolver uma carreira de sucesso que o levaria ao Liverpool, um dos gigantes do futebol. O irmão teria uma carreira mais modesta, passando por clubes como o Boavista ou o Penafiel, que representava. Fizeram sempre do trabalho a sua bandeira, ao mesmo tempo que eram meninos exemplares na escola, raramente dando um problema aos pais. A única vez em que a mãe foi chamada à escola, recordava, o problema estava relacionado com o futebol. "Fui chamada pela diretora porque o Diogo pegou-se à pancada com um colega. Um dizia que a bola tinha saído da linha e o outro dizia que não", contou a mãe.
Das guerras de irmãos, Diogo, de 28 anos, e André, de 25, desenvolveriam uma relação de grande cumplicidade e amizade que fazia com que acompanhassem e vibrassem com os sucessos pessoais e profissionais um do outro.
Perderam ambos a vida de forma trágica, num acidente na zona de Zamora, em Espanha, com um pneu a rebentar após uma ultrapassagem, sendo que o carro, um Lamborghini, acabaria por se incendiar. As circunstâncias exatas do acidente estão ainda a ser apuradas.