A arrepiante homenagem de Nuno Markl ao pai, que morreu há 12 anos
Humorista recordou o pai, Dagoberto Markl, assumindo que tal como ele, também viveu com a tendência para se fechar no seu mundo encantado.
Nuno Markl recordou o pai, que morreu há 12 anos. O humorista, que vive uma fase profissional positiva, com um enorme sucesso na apresentação de 'Taksmaster' na RTP, não deixou passar em claro esta data marcante: o desaparecimento do progenitor, Dagoberto Markl.
"O meu pai morreu há 12 anos. Um extraordinário historiador de arte, xadrezista e historiador do xadrez. Mas também a pessoa com quem eu via 'O Justiceiro' e a 'Galáctica' aos domingos, o cartoonista amador que eu rapidamente quis imitar e que acabou por ser a maior influência nos meus rabiscos, e um homem - tal como eu - com tendência para se fechar tanto no seu mundo que, por vezes, era difícil lá entrar", começou por escrever o humorista. "Há 12 anos partiu, pouco depois de um novo Markl entrar em cena. Pareceu quase que cedeu o seu espaço no mundo ao neto Pedro, com quem só teve tempo de estar duas vezes antes do seu estado de saúde se agravar e de se ir embora. O seu mundo, o seu trabalho, eram o que o mantinha vivo, funcional, desperto. A reforma pareceu roubar-lhe um sentido para a vida - e foi ela que acabou por desligá-lo: como se todas as doenças estivessem à espera que ele terminasse o seu propósito na Terra para entrarem em cena. Nos últimos anos, já reformado, ainda ia ao Museu de Arte Antiga - uma segunda casa que era quase a primeira - só para estar lá, para se sentir perto da arte que o movera durante uma vida inteira. É por isso que eu digo que as personagens dos Painéis de São Vicente, para mim, são quase tios", acrescentou.
"Há 12 anos partiu, pouco depois de um novo Markl entrar em cena. Pareceu quase que cedeu o seu espaço no mundo ao neto Pedro, com quem só teve tempo de estar duas vezes antes do seu estado de saúde se agravar e de se ir embora. O seu mundo, o seu trabalho, eram o que o mantinha vivo, funcional, desperto. A reforma pareceu roubar-lhe um sentido para a vida - e foi ela que acabou por desligá-lo: como se todas as doenças estivessem à espera que ele terminasse o seu propósito na Terra para entrarem em cena. Nos últimos anos, já reformado, ainda ia ao Museu de Arte Antiga - uma segunda casa que era quase a primeira - só para estar lá, para se sentir perto da arte que o movera durante uma vida inteira. É por isso que eu digo que as personagens dos Painéis de São Vicente, para mim, são quase tios", acrescentou.
"A morte levou-o sem nunca termos tido todas as conversas que precisávamos de ter. Acabei por tê-las em sonhos vívidos, pouco depois de ele morrer, e fechei o assunto em paz e amor quando criei as personagens do pai e do filho na série 1986, em muito baseadas em nós dois, e a terem muitas das conversas que não chegámos a ter. Sinto que estamos bem um com o outro", rematou.