Catarina Furtado deixa testemunho impressionante: "Assisti na rua a muitos episódios angustiantes de violência"
Esta sexta-feira, dia 25 de novembro, celebra-se o Dia Internacional para a Eliminação da Violência sobre as Mulheres.
Catarina Furtado uniu-se esta sexta-feira, dia 25 de novembro, à secção portuguesa da Organização das Nações Unidas para se manifestar contra a violência sobre as mulheres, nesta data na qual se celebra exatamente o Dia Internacional para a Eliminação da Violência sobre as mulheres.
"Eu era criança, ainda, vivia no Bairro Alto, e foram vezes demais que da minha janela, de um baixo primeiro andar, assisti na rua a muitos episódios angustiantes de violência física. Percebi então, mais tarde, que também existia a violência silenciosa", começou por referir a apresentadora.
"Foi aí que decidi nunca mais me calar. Enquanto voluntária, enquanto embaixadora de Boa Vontade do Fundo das Nações Unidas para a População, enquanto fundadora e presidente da Associação Corações Com Coroa, enquanto documentarista de programas de televisão, enquanto mulher, mãe, promotora e protetora dos direitos das meninas, raparigas e mulheres", explicou.
"Hoje inicia-se um calendário de 16 dias de ativismo que termina no Dia Internacional dos Direitos Humanos, a 10 de dezembro, para chamar a atenção exatamente para este terrível flagelo. De acordo com a ONU, em 2021, a cada hora, mais de cinco meninas ou mulheres foram mortas por alguém da sua própria família. (…) Recuando um ano no tempo, uma em cada cinco mulheres entre os 20 e os 24 anos, casaram antes de completar a maioridade. Isto também é violência", referiu Catarina Furtado.
"No nosso país, em Portugal, nos últimos dois anos, 44 mulheres não sobreviveram à violência doméstica. A violência contra mulheres e meninas é a violação dos Direitos Humanos mais comum em todo o mundo e está, de facto enraizada, na desigualdade, na discriminação de género, em relações desiguais de poder e em normas sociais nocivas. Nós não podemos assobiar para o lado. Todos e todas seremos cúmplices se não agirmos perante estes números".
"Este é o momento para focar também a atenção nos agressores. Este é o momento de dizer às sobreviventes que são umas verdadeiras heroínas, e que não aceitamos mais continuar a contar vítimas que ainda por cima são quem normalmente mais se expõem para tentar irradicar uma realidade vergonhosa que é da responsabilidade de toda a sociedade, de todos nós", concluiu a comunicadora.