Envolvido num imenso escândalo com Ana Duarte, Ricardinho recebe elogios inesperados: "Nunca agrediu ninguém"

Ricardinho fica para a história como o 'Melhor Jogador de Futsal do Mundo'. Um título que conquistou seis vezes ( 2010, 2014, 2015, 2016, 2017 e 2018). Agora, o atleta decidiu "pendurar as chuteiras" e dar por terminada a sua bem sucedida carreira no futsal. Depois desta decisão, Luís Osório traça-lhe o percurso e presta-lhe a devida homenagem.

Indiferente ao escândalo que está a manchar o nome de Ricardinho após acusações de Ana Duarte, ex-mulher e mãe da filha do jogador, escreve o escritor no seu habitual 'Postal do Dia': "Ricardinho anunciou o final da sua carreira. Deve ter regressado à casa de onde saiu há tantos anos com uma mão à frente e outra atrás, um miúdo cheio de sonhos, mas marcado pelo sofrimento de uma vida dura, uma infância e adolescência onde tantas e tantas vezes a família não tinha nada para pôr na mesa."

Continua Luís Osório: "Ricardinho não esquece o esforço do pai. O trabalho no Mercado Abastecedor perto de Fânzeres. O chegar a casa tarde para poder trazer os restos de fruta que ninguém levara, a fruta que iria para o lixo se ele não a aproveitasse. Ricardinho não esquece o bairro de traficantes onde cresceu. As tentações que nunca o seduziram. A prisão do irmão a quem homenageou com uma tatuagem de grades numa pele onde guarda os seus segredos, sonhos e conquistas."

E continuam os elogios: "Ricardinho não esquece o irmãozinho pequeno, as infinitas tardes em que lhe deu o biberão e tomou conta das suas lágrimas e dos cocós na fralda. Ricardinho não esquece o incêndio na sua casa. O terem perdido tudo o que tinham - que era quase nada, apenas aquela casa que lhes fora dada pela avó. Ricardinho não esquece a passagem para um bairro social perto do Cerco, as dificuldades, as ameaças de uma vida fácil que nunca o seduziram. Comovi-me com a sua despedida. Comovi-me com aquilo que ele é. Um jogador imortal que fintou a morte e a perdição sem nunca se pressentir um único enfado, uma única prova de agressividade ou ressentimento", realça o jornalista.

Osório termina: "Porque sabem... Ricardinho é considerado um exemplo. O melhor colega, um atleta generoso e simpático para todos os que o abordam, maravilhoso para as crianças, amigo dos adversários, compreensivo com a crítica, empático com os árbitros mesmo quando o prejudicam. Ele nasceu num lugar sem redenção, mas provou que não há lugares que nos condenem para sempre. Tornou-se um modelo. Um atleta grande que nunca foi condenado pelas arbitragens por falta de desportivismo. Que nunca agrediu ninguém. Que nunca deixou de cumprimentar adversários mesmo quando perdia ou mesmo quando o tentavam parar por todos os meios legais e ilegais. É um grande português. Um exemplo para todos. O nosso obrigado, Ricardo."