Luís Osório chama "monstro genial" a Herman José depois de polémica sobre invasão de palco: "Portugal ainda é muito pequenino e provinciano"
O jornalista não gostou de ver as críticas dirigidas ao humorista por este ter subido ao palco do Coliseu dos Recreios para abraçar John Cleese.
Luís Osório mostrou-se desiludido com a reação nas redes sociais à subida ao palco de Herman José durante um espetáculo do ex-Monty Python, John Cleese, no Coliseu dos Recreios, em Lisboa. O jornalista aproveitou a sua crónica na TSF, ‘Postal do Dia’, para criticar a tendência dos portugueses em, a seu ver, dar mais mérito aos artistas internacionais, em comparação com os seus conterrâneos.
"Herman tem somado críticas e sofrido ataques que vão dos falsamente envergonhados que pedem para que alguém o proteja de si próprio e da sua falta de noção. Aos que o atacam por ser megalómano. Há também os impiedosos, os que vomitam que o Herman se tornou um personagem trágico e patético", começou por afirmar.
"O país é tão pequeno na sua dimensão, mas infelizmente ainda mais pequeno no modo como gente pretensiosa tem orgasmos múltiplos com o que vem de fora e esquece os que são portugueses, sobretudo se forem populares. (…) Portugal ainda é muito pequenino e provinciano; e ainda se nota mais quando as críticas chegam de pretensas elites", lamentou o antigo diretor de ‘A Capital’, dando os exemplos de Joana Vasconcelos, José Saramago, Tiago Rodrigues ou Paula Rego, em contraste com os seus equivalentes à escala global, como Ai Weiwei, Caroline Nguyen ou Lucian Freud.
Depois, esclareceu a sua admiração por Herman José: "É um monstro genial. O que fez em Portugal não tem paralelo - na forma como fez rir um país taciturno e acabrunhado pela ditadura, na maneira como revolucionou o humor português, no modo com pôs em causa os costumes num país conservador e bafiento. Há um Portugal antes de Herman. E há um Portugal depois de Herman. O momento em que ele subiu ao palco para abraçar Cleese deveria ser um momento inesquecível para quem ali esteve - o instante em que dois enormes humoristas se abraçaram celebrando o talento e o poder revolucionário do humor", prosseguiu.
"Ler o que li nas redes sociais sobre o disparate de Herman José é ofensivo. Por que aquele momento foi histórico. Que John Cleese não o saiba é normal. Mas que cada português não o reconheça é que me parece verdadeiramente obsceno. E tristemente saloio", rematou.