O pai português que criou Ljubomir Stanisic
O temível chef de 'Pesadelo na Cozinha' assume que odeia o pai biológico. Pouco depois de chegar a Portugal começou a trabalhar com o chef Vítor Sobral e ainda hoje tratam-se por "pai" e "filho".
Vítor Sobral, reconhecido chef português e condecorado com a Ordem do Infante D. Henrique, foi patrão de Ljubomir Stanisic. O 'chef' português gaba o talento do bósnio e ambos tratam-se como pai e filho, ainda hoje. Ljubo "adotou" Sobral e admite odiar o pai biológico, Mihailo Stanisic.
O encontro entre Sobral e Stanisic pouco depois de o bósnio se ter instalado em Lisboa, onde já cá tinha uma irmã, e se ter despedido num restaurante, em Santos, onde se zangou com um colega e lhe espetou um garfo na mão.
SOBRAL ADMITE VIOLÊNCIA
E se muitos veem em Ljubomir Stanisic um verdadeiro pesadelo para os donos dos restaurantes que visita, não evitando os palavrões e os gritos, Vítor Sobral nada vê de anormal na atitude de Ljubo. "A cozinha é um ambiente de homens. Agora já não é tanto assim, mas há uns anos era muito natural andar à chapada. Imagine um espaço onde só há homens e há uma chatice: é assim."
De volta à personalidade sanguínea do chef bósnio, Sobral acresce: "Por vezes os chefs desorientam-se, quando as coisas não estão a correr bem. E darem uns tapas uns nos outros acontecia com muita frequência. Era comum. O Ljubo tem as suas características mas quem o conhece bem sabe que ele é um coração de ouro, é muito genuíno".
Para Vítor Sobral a TVI não podia ter escolhido melhor anfitrião para 'Pesadelo na Cozinha'. "Acho que o Ljubomir está fantástico! Como é que é possível haver restaurantes assim, abertos?!", insurge-se o dono da Tasca da Esquina, conceito que já foi exportado para o Brasil.
"CHAMO-LHE PAI MAS JÁ O MANDEI PARA O C..."
Ljubomir Stanisic tem a máxima admiração por Vítor Sobral. Assim como o dono da conhecida 'Tasca da Esquina' afiança serem normais as discussões dentro da cozinha, Ljubo admite: "Chamo-lhe pai, ele chama-me filho. Também já nos zangámos. Já o mandei para o c…, já nos chateámos a sério, mas fazemos sempre as pazes. Foi o senhor que me recebeu na cozinha e que foi mais aberto comigo", revela o dono do Bistrô 100 Maneiras, à imprensa.
Ljubomir adianta que ser tão, ou melhor que o mestre, é um dos seus objectivos. "Um dia eu disse-lhe: ‘Nós vamos separar-nos e eu vou ser melhor do que tu’.
Ainda assim, quando questionado sobre qual o resultado desta luta pelo pódio culinário, Stanisic faz a vénia ao homem que tão bem o acolheu. "Ele é sempre o pai… mas dou-lhe baile na cozinha", brinca, carinhoso.
Vítor Sobral não acredita que os fregueses se afastem dos restaurantes, ainda que alguns comecem a pensar melhor, antes de sairem de casa para almoçar ou jantar fora.
O chef português deixa algumas dicas sobre como avaliar se um sítio é decente, ou não, para fazer uma refeição. "Isso é muito evidente. Se o restaurante não cheira a limpo, se a casa de banho não está limpa, se a decoração for pouco cuidada, se para a mesa vierem contas em vez de facturas… Isso são tudo indícios a observar".
PALAVRÕES SÃO IMPORTANTES
Quanto ao feitio explosivo do pupilo, Vítor Sobral garante: "Eu era muito pior do que ele! Se eu entrasse numa daquelas cozinhas ordinárias…"
Além disso, para o chef Sobral, Ljubo é, de facto, o anfitrião ideal para o programada TVI. "O Ljubo é espontâneo e, como é estrangeiro, apesar de já se sentir português, não tem um filtro de linguagem. O que tem a dizer diz, e da maneira como lhe sai, e isso é muito importante neste programa".
Vítor Sobral coloca-se na posição de Ljubomir e explica melhor a sua perspetiva: "Um português, por exemplo se fosse eu, poderia até ser mais cáustico do que o Ljubo, mas diria as coisas de outra forma".
O chef recorda, ainda, um Ljubomir jovem, quando foi seu empregado. "Era um bom funcionário e continuamos amigos até hoje. Além disso, é viajado e capacitado, já viu muita coisa".
Leia toda a história na revista TV Guia desta semana, que está nas bancas.