
O pior vírus da atualidade é o cada vez mais difícil trato dos diversos poderes com a democracia. Hoje quero partilhar com o leitor um conjunto de reflexões que advêm de imagens a que assisti na CMTV, declaração de interesses que deixo logo na abertura do texto por uma questão de transparência, mas com a garantia de que o essencial da reflexão nasce do trabalho feito pelo jornalista em causa, e não por ser da CMTV ou de outra estação qualquer.
Com efeito, na semana passada o jornalista Diogo Carreira fez o seu papel e questionou o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, sobre um tema de interesse público, no decorrer de uma conferência de imprensa daquele governante.
A pergunta era simples e corresponde a uma preocupação geral da comunidade: a que velocidade ia o carro do ministro no acidente da A6, em resultado do qual morreu um operário.
A pergunta surgiu na sequência de outras, e a resposta foi bizarra, a ponto de justificar estas reflexões. O ministro pura e simplesmente ignorou a pergunta. Respondeu a tudo, e ignorou esta questão. Nem sequer referiu que não ia responder. Pior: o seu staff, apagadas as câmaras, ainda criticou o jornalista, nos bastidores.
Ora isto representa a tal manifestação do grande vírus da atualidade. O momento em que o poder deixa de responder às perguntas do povo, mediadas pelo jornalista, marca a fronteira entre a democracia e a prepotência.
Saiba o leitor descodificar esses momentos como ocasiões relevantes – um ministro que foge às perguntas talvez esteja à beira do colapso político.
INFORMAÇÃO - CHEIAS NA ALEMANHA
Boas apostas de SIC e TVI em enviados especiais às cheias da Alemanha. A Europa central sofreu um nível de destruição incrível. A associação da TVI à CNN vai reforçar a informação internacional entre nós. P.S. – Fui contactado pela direção da SIC para esclarecer que o tom adversativo com que é interpelado o comentador Júdice é uma estratégia discursiva para aumentar o interesse do programa, e não, como referi na semana passada, qualquer tipo de resistência em relação ao conteúdo de José Miguel Júdice, sempre crítico do tratamento político da pandemia, num tom muito distante do politicamente correto que tem o monopólio do comentário. Fica o esclarecimento aos leitores.
PROGRAMAÇÃO - TROCAM AS VOLTAS À TVI
Como aqui se previu, dias antes da emissão, redundou num total fracasso a operação em que a TVI ameaçava "trocar a volta aos espectadores". Os apresentadores mudaram de horário por um dia, sem qualquer critério nem anúncio prévio. Ora, como a televisão vive dos laços que se estabelecem entre o público e os apresentadores, e da estabilidade desses laços, todos os horários caíram. Pior foi ter a TVI alargado esse movimento aos jornais, com troca de pivots nos horários principais. A informação não devia deixar-se capturar por interesses extra-editoriais. Isso menoriza o jornalismo da estação.
SOBE - MARCO CHAGAS
Julho volta a ser muito provavelmente o melhor mês do ano para a RTP2, por causa da Volta à França em bicicleta e de Marco Chagas. O ciclismo ajudar o canal 2 não é novidade. A novidade é que o melhor mês do ano deve ficar em meros 1,3% de share.
SOBE - EMANUEL
Tem sido uma revelação nas tarde de domingo da SIC, como apresentador e grande comunicador. Faz parte das personalidades televisivas que ganharam outra dimensão com a pandemia. Domingão com Emanuel tem sido um sucesso.
DESCE - LUÍS FILIPE VIEIRA
Em apenas dez dias caiu um dos três homens mais poderosos do futebol português. Talvez o fim fosse o desfecho inevitável do processo judicial, mas as desastrosas intervenções televisivas do seu advogado não ajudaram em nada.