
Esta semana chegou uma confirmação importante para avaliarmos como vai decorrer o duelo televisivo na segunda parte do ano. Até aqui, o controlo da SIC tem sido total. Conseguiu desestabilizar de tal forma a TVI que esta estação já põe tudo em causa. A chegada, agora confirmada, de nova edição do Big Brother voltará a equilibrar os pratos da balança. É pouco provável que a TVI repita o erro grave que foi a mudança da gala do BB de domingo para sábado.
Se fizermos hoje o histórico desse período (Cristina Ferreira mudou o BB para sábado e tentou impor o seu All Together Now ao domingo), percebemos o quão trágica foi essa mudança. Com o BB a controlar o domingo, se Cristina Ferreira tivesse ido para sábado, estava criado um duplo problema para a SIC. Provavelmente a história teria sido outra. Hoje sabemos também que a dupla de apresentadores é a forma mais eficaz de levar o "Grande Irmão" a bom porto.
Com o "reality dos realitys", a TVI voltará a dar luta nalguns horários fulcrais. Se pensar muito bem na adequação dos produtos aos horários, coisa que é rara na estação, pode voltar a competir com a SIC em várias faixas horárias – pelo menos às 7 da tarde e à meia-noite, além da noite de domingo, naturalmente. Em vez de se queixar da medição de audiências, a TVI tem definitivamente de aprender a trabalhar em função do auditório, ou seja, não vale a pena fazer programas para espectadores em horários em que eles não estão ligados ao ecrã. Em televisão, e na medição de audiências, tudo tem de fazer sentido. Caso contrário, é meio caminho andado para o desastre – e depois para a desculpa de mau pagador, ao jeito de um qualquer presidente do futebol que desculpa as más exibições com os erros da arbitragem.
INFORMAÇÃO - EURO NA TV
Está a ser penoso o regresso das grandes competições de futebol. O Euro 2020 já fica manchado pela realização do momento em que o jogador dinamarquês caiu ao chão – prática bem diferente teve o realizador português Ricardo Espírito Santo no caso Fehér. Mas não é só por isso que o balanço é negativo. A televisão não aproveitou a pandemia para melhorar a transmissão do futebol. E isso não é bom para o futebol. Tal como não são boas algumas coberturas dos canais portugueses em sinal aberto, que insistem em tratar o futebol da forma folclórica que estava em voga antes da pandemia. Com a grande diferença de que, entretanto, tudo mudou, e pelos vistos os canais não perceberam.
ENTRETENIMENTO - LUÍS PEREIRA DE SOUSA
Tendemos a dar um certo desconto aos formatos da RTP1. O raciocínio típico é este: como é RTP, passa. A crítica nem sempre é tão acutilante como devia ser. Isso cria um ambiente propício à crescente degradação da televisão do Estado. É justo dizer que o magazine das tarde de fim de semana Faz Faísca é um absurdo, uma salada de fruta de coisa nenhuma. Porém, lá no meio cruzei o olhar com Luís Pereira de Sousa. Abandonado a um canto, num estúdio despido, é tratado sem o respeito que a sua história merece. Aqui fica o elogio para o regresso ao trabalho de uma cara conhecida dos portugueses.
MANTÉM - NOAH
É reconfortante a forma como os portugueses se conseguem emocionar e mobilizar como comunidade de afetos perante dramas intensos e inesperados. A incrível história do desaparecimento do bebé Noah, na Beira Baixa, uniu de tal forma o País que trouxe ao de cima todas aquelas nossas enormes qualidades. Nestes casos, a televisão funciona como uma espécie de argamassa da nação, mantendo todos ao corrente dos avanços e recuos, a par e passo. O final feliz foi uma espécie de hino à vida, que a família, e todos nós atrás dela, bem merecemos.
DESCE - CRISTINA FERREIRA
Que a estreia do Big Brother sirva pelo menos para acabar o calvário que tem sido o Cristina ComVida, às 7 da tarde. Mal pensado, mal executado, e sobretudo desajustado do horário, tem sido um autêntico seguro de vida para a SIC. Se o reality show BB for planeado como deve ser, Cristina Ferreira pode aproveitar para dar início a um ano, ou conjunto de anos sabáticos.
DESCE - FILOMENA CAUTELA
Inevitavelmente, o programa caminha para o buraco que cavou. Depois de se ter estreado com uma lição de moral aos espectadores e a defender a censura que consta da nova Carta dos Direitos On Line, o público, que não gosta de ser enganado, muito menos gosta de ser manipulado, virou as costas ao Cautelar. À terceira edição, o formato ronda os meros 8% de share. Devolver o 5 Para a Meia-Noite a Filomena Cautela talvez não fosse mal visto.