
O advogado de Vieira saiu do edifício e disse que o seu cliente já tinha saído pelos seus próprios meios, porque era um homem livre. O conjunto de acontecimentos que se desenrolou nas horas seguintes mostra que Magalhães e Silva não receberia o selo de qualidade que os censores que inventaram a Carta dos Direitos Online querem impor.
O advogado tinha criado aquilo a que se chama por comodidade fake news, conceito erróneo e que devia ser erradicado porque se é fake não é notícia, pelo contrário, é boato ou simples mentira. O aparato policial que envolveu a deslocação até casa do mais duradouro presidente da história do clube expôs a todo o País a prisão domiciliária a que Luís Filipe Vieira vai estar sujeito pelo menos até pagar a caução milionária. Era o culminar de 4 dias de uma operação da justiça em que o mais inesperado foi a forma como todo o País encarou a situação. Tantos anos de falências bancárias, prisões entre as mais variadas elites e megaprocessos judiciais parecem ter tido o efeito de normalizar o espanto.
O País viu através das televisões o líder de um clube de futebol detido, algo que todos dizíamos ser impossível entre nós, e não houve um esgar de espanto, nem de choque, nada. Foi como se já estivéssemos todos à espera, e nos limitássemos a assistir ao espetáculo do mundo. Eis um efeito sociológico a justificar análise. Com tudo aquilo por que passámos, teremos perdido a capacidade de nos surpreendermos.
INFORMAÇÃO - JÚDICE
A intensidade dos acontecimentos tem atrasado a oportunidade para este elogio. Todas as semanas, um comentador heterodoxo tem meia hora de antena na SIC Notícias. Tão heterodoxo que no início da pandemia começou a ser desconfortável para o canal. Era das poucas vozes críticas dos confinamentos e outras estratégias falhadas antipandemia. Afinal, na generalidade das matérias, tinha razão. Não terá muito público, porque hoje em dia na SIC Notícias nada tem muito público, mas é um nicho de liberdade que continua a incomodar os jornalistas da estação. Isso nota-se demasiado.
ENTRETENIMENTO - TROCAR AS VOLTAS
A TVI troca-lhe as voltas. Foi assim anunciado um movimento de mudança pontual de horário de vários apresentadores da TVI, supostamente para ver como reagirá o público. Trata-se de uma promoção do canal mas mais parece uma crítica verrinosa de alguém que não gosta da TVI. Fazer um canal de televisão é criar laços com os espectadores. Isso ganha-se sobretudo com o hábito: à mesma hora acontecem todos os dias as mesmas coisas. Trocar as voltas ao espectador é a maior proibição de todas para um canal generalista. Quem teve a ideia merece despedimento com justa causa.
SOBE - MARCO PAULO
A cada semana que passa está a melhorar o desempenho, e o programa com que a SIC o cativou domina as tardes de sábado. Quem disse que Marco Paulo estava acabado enganou-se redondamente. Pelo contrário, talvez esteja a iniciar uma nova juventude com uma carreira diferente.
SOBE - FERNANDO MENDES
Agora foi o Agricultor, da SIC. Os adversários d’O Preço Certo chegam em revoadas, e são sucessivamente derrotados. Quem vê a audiência de Fernando Mendes na RTP1 e a compara com a de Cristina Ferreira, na TVI, tem dificuldade em compreender como a apresentadora já foi uma ameaça para O Gordo, no passado.
SOBE - RUI COSTA
No meio da tempestade que envolve o clube, o discurso do novo presidente do Benfica foi feito no relvado do estádio, e esse simbolismo foi dos poucos sinais positivos para a instituição nos últimos tempos. Rui Costa tem aqui o desafio da sua vida, e, se triunfar, o relvado foi o início de tudo.