
Os políticos exageram. Tentam de todas as formas e feitios passar a imagem de que são pessoas do povo, iguais a todas as outras. Vão a programas de televisão, mostram a família, conversam com ar simples sobre temas corriqueiros, agora até cozinham ao lado da mulher e dos filhos. Procuram parecer sinceros e verdadeiros, mas fazem-no de tal forma que o espectador português, mais do que habituado a estas andanças, já lhes tira de imediato as medidas, e passa a desconfiar.
Algum dia este movimento vai ter um refluxo, para evitar a rejeição popular dos políticos-que-mostram-que-são-pessoas-como-as-outras. Enquanto esse refluxo não chega, o Programa da Cristina convida tudo o que mexe. Desta vez foi o primeiro-ministro, no dia de carnaval, e numa emisão cheia de revelações. "Apanhei muita reguada à conta do meu sorriso", disse António Costa, depois de atribuir a sua tendência para sorrir ao nervosismo, que os professores nunca compreenderam e por isso levavam a mal.
Costa bateu o Presidente aos pontos. Marcelo foi acantonado num telefonema, Costa teve direito a estúdio, sofá, fotos, cozinha, e isto tudo em família. Costa também igualou Cristas na cozinha. "Lá em casa também tens um avental", disse Fernanda Tadeu para o marido, quando ele começou a cozinhar. Costa brilhou, falou dos fogos, falou de Pedrógão, desenvencilhou-se de temas incómodos a sorrir. Foi uma manhã em família, em direto para 700 mil portugueses.
Agora, cuidado! Um dia isto acaba mal. E não será para Cristina Ferreira.
150 meses depoisQuando a nova direção de programas da SIC foi nomeada, ao analisar o estado de fragilidade da TVI, previ nesta página que a SIC poderia passar para o primeiro lugar, no máximo, até daí a 6 meses, ou seja, até dezembro do ano passado. Afinal, foi em fevereiro! A TVI estava num estado em que o rei já ia nu.
Angola na RTP1A entrevista de Vítor Gonçalves ao presidente de Angola, na RTP1, foi um momento de verdadeiro serviço público. Jogou na antecipação em relação à visita de Marcelo, e revelou um político que começa a surpreender o mundo. A emissão teve mais de 600 mil espectadores, e prova que o auditório do canal 1 gosta destes momentos de grande qualidade.
À conquista da eurovisão, outra vezTer uma voz própria é o segredo para o sucesso no mundo do espetáculo. Um segredo muito difícil de alcançar. Conan Osíris conseguiu-o desde o momento menos que zero. Ou seja: muito antes do Festival, já toda a gente sabia quem ele era, e vaticinava-se a sua vitória. Assim foi. Um Festival muito pobre, que não conseguiu, sequer, tirar a RTP1 do terceiro lugar no dia, atrás de SIC e TVI, teve um vencedor que ameaça ser um fenómeno global, à altura de Salvador Sobral. Pode ser candidato à vitória, em Israel.
Teoria do prato da sopaA SIC ataca a liderança seguindo a teoria do prato da sopa. Começa a refeição pela borda do prato, onde a sopa está mais fria, antes de atacar o centro, onde o calor pode queimar o céu da boca e é mais difícil de ingerir. Colocar "Olhó Baião" nas manhãs de fim de semana é mais uma colherada na borda do prato. Pode ajudar o canal, mas nada acrescenta à carreira do apresentador. E o horário nobre da SIC tarda a melhorar.