
O programa de César Mourão nasceu com um enorme apoio de toda a empresa. Notou-se que a estação se uniu para acarinhar este lançamento. Houve marketing nas revistas do grupo, houve boas, e longas, promoções, houve publicidade, houve, finalmente, o envolvimento de actores e jornalistas do canal, área cuja adesão às apostas do entretenimento continua a ser difícil, em Carnaxide.
O esforço justifica-se: a SIC tem uma ideia original para apresentar e defender, e que sai, seguramente, mais barata do que a adaptação de qualquer formato internacional. Caso consiga impor 'D’Improviso', Carnaxide faz jackpot: triunfa num horário fulcral, e com um produto caseiro.
Ora, e qual é essa ideia original? Improvisar. Entreter através do improviso. Em cada quadro, a chave é completar textos, músicas e actuações com recurso, e em reacção ao imprevisto. O resultado final depende da qualidade e da rapidez da reacção, quer do apresentador, quer dos convidados.
Problema: este mecanismo cria um programa muito heterogéneo, em que se passa do brilhantismo (com Bento Rodrigues, por exemplo) ao aborrecimento (grande parte do resto do programa) numa fracção de segundo. O que poderia ser uma boa ideia para quadros de apoio a uma emissão estruturada transforma-se na espinha dorsal do próprio formato, e isso tem o tremendo risco do desgaste rápido.
Talvez não haja, na actual SIC, quem analise estas coisas por cima, e possa dar consistência às ideias que aparecem, desgarradas, na estação. Neste caso, seria uma pena. O arranque merece atenção.