
A vida parlamentar é feita de debates. Mais ou menos intensos, marcam sempre a vida das democracias. Correm mundo as sessões em que os mais irados representantes do povo, habitualmente de países longínquos, transformam o calor do debate em confrontos físicos. Por cá, no período democrático, nunca se chegou a esses extremos, mas nota-se um aumento, nos tempos mais recentes, da temperatura das discussões. Sobretudo desde que o Chega se transformou na terceira força parlamentar. Esta subida da conflitualidade verbal teve um pico na semana passada, quando a deputada do Chega Diva Ribeiro insultou uma colega do PS.
“Curioso que a senhora deputada Ana Antunes só consiga intervir em assuntos que envolvem infelizmente a deficiência”. A referência desprimorosa à cegueira de Ana Sofia Antunes demonstra uma frieza que choca qualquer cidadão, e que representa, objetivamente, a subida de um degrau na desumanidade das discussões verbais. Para a televisão, a intensidade das discussões acaba por atrair a atenção dos espectadores. Mas a violência gratuita e o desprezo por todos os traços de humanidade acaba por criar rejeição. A classe política encarou este episódio como um problema do Chega. Ora, isso é uma ilusão.
Para os eleitores, a gravidade do comportamento contamina tudo e todos. É preciso haver autorregulação dos políticos nos debates parlamentares televisionados. Caso contrário, este fator será uma nova machadada no prestígio das instituições e da democracia.
Programação
Generalistas em crise
Sábado passado, o canal mais visto foi a TVI, com apenas 12,8% de share. Já aqui se previu que, a prazo, o líder estará na casa dos 10%, ou abaixo. Em conjunto, só de janeiro para fevereiro, os canais em sinal aberto, RTP1, RTP2, SIC e TVI, perderam mais de 60 mil espectadores por minuto. Uma crise maior que a da imprensa escrita, seguramente.
Informação
Pinto da Costa
Na noite da morte do líder histórico do FC Porto, os canais de informação homenagearam Pinto da Costa com emissões em permanência. Os diretos, apologéticos, salientaram apenas as vitórias desportivas e o lado afirmativo de uma liderança. Será que os espectadores preferem essa leitura jornalística enviesada? As audiências parecem indicar que não.