
Como treinador do Sporting, Rúben Amorim teve um efeito no futebol português só equivalente ao de José Mourinho, nos anos que passou pelo FC Porto. Isso é curioso, sobretudo porque tiveram comportamentos muito diferentes entre si. Rúben Amorim apostou sempre numa comunicação muito assertiva, mas sorridente. Fez da simpatia e do relacionamento afável as principais armas. Construiu um forte laço emocional com os sportinguistas.
É curioso como um adepto de outro clube se transformou num leitor perfeito das ambições do Sporting, ao ponto de ser aplaudido no momento da inesperada despedida. Ao contrário, as prestações de José Mourinho eram mais ásperas, com recurso a um murro na mesa e a saídas intempestivas das conferências de imprensa quando o ambiente aquecia. Também ele, de certa forma, leu na perfeição a maneira de ser do FC Porto daquela época, e ajudou também a defini-la. Passaram ambos como duas estrelas cadentes no futebol português.
Mourinho teve o papel mais facilitado, porque o seu clube já estava habituado a ganhar, pelo que Rúben Amorim terá um efeito mais duradouro. Nos dias de despedida, teve o azar de ser obrigado a dar três conferências de imprensa. As hesitações, dúvidas e contradições das duas primeiras ficarão para a História, porque o treinador não tinha ainda nada para dizer. Só na última pôde ser Amorim. Como sempre, esteve à altura da construção do seu mito quando justificou a saída nesta fase porque o seu novo patrão inglês não aceitou qualquer adiamento. "Era agora ou nunca". Amorim sai em grande.
Informação
Tragédia
As primeiras imagens de Valência mostraram um cenário inacreditável. Parecia que alguém tinha agarrado nos carros e feito da vida real um jogo de dados. A acumulação de vítimas mortais foi rápida a traçar a dimensão da tragédia. Neste momento há mais de duas centenas de mortos confirmados, mas ainda muito mais que um milhar de desaparecidos. As reportagens dos enviados especiais das televisões portuguesas, que foram ágeis a decidir, traçam um retrato avassalador do limite a que o sofrimento humano pode chegar.
Programação
Xanana
É bem verdade que o ‘Alta Definição’ está em perda – esta mesma emissão que vou elogiar teve um resultado baixo para o que é hábito. Mas ouvir de viva voz a experiência do guerrilheiro Xanana Gusmão, em ambiente descontraído, a explicar porque deixou de chorar, no mato, e que escolheu ser preso quando se viu sem saída – tudo isso deu origem a um programa único, que fica para a História.
Audiências
A Subir
Felipe VI
Ao contrário do chefe de governo espanhol, enfrentou a ira em Valência, e a rainha Letizia recuperou um pouco do prestígio da monarquia ao emocionar-se, enlameada, com as histórias que ouviu.
A Descer
Frederico Varandas
No fim de semana do adeus, a seguir a Rúben falou o líder do clube. O tom hesitante, e a quantidade anormal de perguntas que teve de pedir que fossem repetidas, por esquecimento, mostra como o nervosismo tomou, súbita e inesperadamente, conta do clube.
A Descer
Pinto da Costa
O lançamento de um livro de "memórias", cheios de ajustes de contas, e o "road-show" de apresentações e de reconciliações são um ocaso triste para um líder que marcou, nem sempre pelas melhores razões, o futebol. A família não o consegue proteger de si próprio?