
A noite eleitoral nas televisões generalistas teve várias novidades interessantes. Todas as emissões foram, em geral, competentes. Na RTP, o cenário era grandioso. Costuma ser o ponto forte da estação do Estado, nas ocasiões especiais. Voltou a sê-lo, domingo passado. Também o pivô José Rodrigues dos Santos não deixou os seus créditos por mãos alheias. A capacidade de dominar o espaço e os conteúdos e de gerir a emissão com energia são as características que fazem dele o melhor nas televisões generalistas nestas operações complexas. Treino que começou a adquirir logo na emissão em que foi notado pela primeira vez, há muitos anos, quando foi apanhado a apresentar o 24 Horas da RTP na noite de início da Guerra do Golfo. Apesar de todos estes pontos fortes, o resultado das audiências foi devastador. A RTP não consegue criar um link com o público, e o canal 1 perdeu durante muito tempo até para o principal canal de cabo, a CMTV.
Olhemos para a SIC. Mais uma vez, os pontos fortes da emissão eleitoral de Rodrigo e de Clara de Sousa foram os comentadores. Júdice e Marques Mendes fazem uma emissão, e até aguentam o contrapeso de Louçã e Ana Gomes. A vitória da SIC foi natural, surpreendendo talvez a dimensão do avanço sobre o canal 4. Com efeito, a TVI ficou muito atrás, e registou uma derrota estrondosa. Numa noite em que a empresa tinha investido bastante, a TVI nunca chegou verdadeiramente a dar luta ao principal concorrente. O melhor pivô da estação estava fora da mesa principal, o que destruiu o ritmo da emissão. A famosa magic wall, que mais não é que um ecrã tátil no qual são exibidos os resultados, foi bem conseguida. Isso não foi suficiente. A TVI foi melhor em vários pontos da emissão, nomeadamente os que envolveram Pedro Mourinho e Pedro Benevides, mas acabou atrás. Faltou a argamassa que juntasse com sentido os fragmentos de qualidade.
PROGRAMAÇÃO - BRUNO DE CARVALHO
Mais uma vez, foi um detalhe que deitou a perder o mês de janeiro na TVI. No momento-chave em que colocar Bruno de Carvalho cá fora criaria um tsunami de emoções, como aqui se alertou, a TVI preferiu tirar da casa os concorrentes Leandro e Nuno Homem de Sá. Totalmente ao lado. Nem os expulsos crescentaram valor à grelha, cá fora, nem a casa subiu de intensidade quando Bruno ficou sozinho. Resultado: o Big Brother está em perda de velocidade e Moniz vai entrar com a possibilidade de ser ele a liderar a estação na reviravolta, o que é muito diferente de entrar com a TVI já líder.
INFORMAÇÃO - AO RUBRO
No último dia do mês, a SIC Notícias levava 10 espectadores de avanço sobre o canal CNN na média mensal. Tudo em aberto. Independentemente do que tenha acontecido no dia 31, cujo resultado surgiu já depois de escritas estas linhas, Ricardo Costa é já dos vencedores da semana. Conseguiu, pelo menos, neutralizar o avanço inicial do canal CNN, e pode voltar a pôr a SIC Notícias em segundo lugar na informação nacional. A marca estrangeira do canal de notícias da TVI só vai dificultar a vida à empresa.
SOBE - JOSÉ EDUARDO MONIZ
O regresso à televisão é um acontecimento. O profissional com mais experiência no mercado vai liderar a TVI e tentar chegar à liderança. Assumir o risco de pôr em causa a sua aura vencedora, se terminar a carreira com uma derrota, é digno de elogio. Mas se a TVI ganhar será definitivamente o rei da televisão. Cá estaremos para analisar.
SOBE - NUNO SANTOS
O modelo de dois diretores de informação paralisava a TVI. A subida de Nuno Santos é lógica e vai criar problemas à informação da SIC. Articular os dois canais, a TVI e o canal CNN, e voltar a posicionar a marca TVI como marca de informação vão ser os principais desafios.
DESCE - ANSELMO CRESPO
Sai do cargo de diretor de informação da TVI sem conseguir marcar a diferença. Nunca conseguiu dar uma personalidade própria aos jornais do canal. Só um novo recomeço poderá relançar-lhe a carreira, depois de ter saído da televisão, e reentrado para este desafio falhado.