
O problema é que no pano mais impoluto cai a nódoa. E foi o que aconteceu com Helena Ferro de Gouveia, sua parceira de comentários no canal por cabo, numa discussão que começou no ar e, alegadamente, terminou da forma mais básica nos bastidores do canal, depois dos comentários. O major-general terá chamado à analista "mal-educada e ignorante". Na verdade, até aqui nada de novo, já o fez no ar – atirando mimos deste nível a outros parceiros de comentário, no caso sempre homens – que, cada um à sua maneira, foram respondendo sem nunca – que se saiba – tomar atitudes mais drásticas fora do ar. Digamos que achar que todos os comentadores em redor são "ignorantes" é o estilo do estratega Agostinho Costa.
O problema, desta feita, é que não contente por passar um atestado de analfabetismo desnecessário, arrogante e, esse sim, mal-educado, o comentador ainda lhe acrescentou uma pérola fatal: "feia", terá chamado a Helena Ferro Gouveia. Feia? Mas o que é que feia ou bonita têm a ver para o caso, senhor major-general? Em que ponto é que o tópico beleza interfere na inteligência do comentário político e social? Imagine se as mulheres começassem a chamar "imbecil", "porco" ou "gordo nojento" ao primeiro homem que não concordasse com elas... o que seria... Igualdade de género não é passar a mão na cabeça às mulheres, em versão "tão gira", tão "gaja". Igualdade de género é respeito. Só.