
Noutros tempos, já longínquos, participei em centenas de rusgas. Muitas delas no Benformoso, muitas outras noutros espaços da cidade, uma boa porção em espaços fechados, ‘boites’, discotecas, casas de prostituição.
Para que serve uma rusga? Para além do caráter geral preventivo, procura armas, drogas, pedidos de paradeiro de indivíduos que se furtam a atividade judiciária e, finalmente, na procura de indivíduos com mandados de captura. É um ato de polícia legal e de risco. Daí que envolvam dezenas de polícias para que uma forte presença dissuada qualquer reação violenta dos procurados.
A rusga implica a procura de identidades e revista daqueles que estão na órbita de interesse policial. Hoje é mais fácil esta diligência. As identificações são confirmadas por computador, no local. Noutros tempo, não era assim. Todos aqueles de que houvesse suspeitas eram levados para o Governo Civil ou para a PJ, para que estabelecesse de forma clara quem era quem.
Como se procede à identificação de um indivíduo durante uma rusga? Encosta-se a uma parede, mãos levantadas e procede-se à identificação e revista, procurando encontrar armas, instrumentos letais, drogas e outros documentos que sugiram falsificações ou moeda falsa. São mandados em paz todos aqueles que não possuem qualquer sinal de suspeita. Na rusga na rua do Benformoso estavam presentes magistrados do Ministério Público. É sinal de que procuravam alguém com processos que estavam a seu cargo.
As rusgas são atos de polícia com séculos de existência. São feitas do mesmo modo e procuram lugares previamente conhecidos como sendo utilizados por aqueles que são procurados. Umas vezes acerta-se em cheio. De outras vezes, não. Recordo uma Sociedade Recreativa onde realizámos várias rusgas à procura de um homicida. Só o encontrámos à sexta tentativa porque o artista, ao sentir a polícia, escondia-se numa arca congeladora.
Quanto aos deputados que participaram na manifestação, designada por ‘Não nos Encostem à Parede’, têm solução nas mãos, para não se cansarem com palavras de ordem. Vão para o Parlamento e façam uma lei que proíba as rusgas. A Polícia agradece.